Nesta quarta-feira é o Dia Mundial da Luta contra o Câncer, e Lucinéia dos Santos, 34 anos, é um exemplo de que essa luta é possível de vencer. A data foi criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para chamar a atenção para uma das doenças mais letais que afeta a humanidade. A cada ano, mais de 12 milhões de pessoas no mundo contraem câncer. Esse nome, câncer, batiza os muitos tipos da enfermidade que tem como característica o crescimento desordenado de células que se alojam em partes do corpo, e pode ser diagnosticado como maligno (o mais agressivo) ou benigno (menos agressivo, mas que geralmente precisa de tratamento).
No ano de 2013, Lucinéia passou a fazer parte das estatísticas da OMS. Era fevereiro, um dia que era para ser como os demais, mas sua vida mudou radicalmente.
- Fui trabalhar, e, quando fui escrever, comecei a tremer sem ter controle - afirma a auxiliar de produção que atuava em uma empresa de Flores da Cunha.
Como a tremedeira não passava, Lucinéia foi levada ao hospital. No dia seguinte, recebeu o diagnóstico de um tumor no cérebro.
- Eu só pensava na minha filha e por que aquilo estava acontecendo comigo - recorda.
Morando somente com a filha Maria Eduarda, oito, Lucinéia entrava naquela que considera a maior batalha de sua vida, pois, junto com o diagnóstico, veio a informação de que teria de fazer uma cirurgia de urgência para remover o tumor. Como precisaria de ajuda, a mãe, Ivanilde Forlin, 62, saiu de Getúlio Vargas, cidade no Norte do Rio Grande do Sul com 16 mil habitantes, para se instalar na grande Caxias e cuidar da filha e da neta. A doença de Lucinéia uniu a família. Mãe, filha e neta passaram a morar com Luciana dos Santos, 36, irmã de Lucinéia que também se juntou ao trio.
- Cada uma tinha sua casa, e geralmente falávamos por telefone. Eu e minha irmã éramos completamente diferentes, e hoje somos grandes amigas. Já a distância da casa da mãe (mais de 260 quilômetros) fazia com que nós nos víssemos pouco e falássemos somente por telefone - conta Lucinéia.
Assim, juntas, as quatro encararam o tratamento, a cirurgia, cinco aplicações quimioterápicas e 30 sessões de radioterapia, essas em Porto Alegre.
- Ela ia a Porto Alegre com outras pessoas que também estavam em tratamento, e eu ficava em Caxias rezando e cuidando da Maria Eduarda. É uma força que vem de Deus, que fez com que eu pudesse ajudar a minha filha e acreditasse sempre no poder dos médicos. E tudo deu certo - comemora Ivanilde.
A família
Para o oncologista clínico Joemerson Osório Rosado, a participação da família no tratamento de uma pessoa com câncer é muito importante. Para a evolução do paciente, a família é fundamental.
- O paciente é único, e todos os que irão cuidá-lo precisam ser uma equipe. Os médicos, os enfermeiros, os psicólogos, a família e todas as pessoas que terão contato com ele e com os familiares - diz Rosado.
Conforme a psicóloga e mestre em Oncologia Manuela Polidoro Lima, que atua há dois anos no Hospital Pompéia, quando um paciente recebe o diagnóstico de câncer e a família participa do tratamento, o enfrentamento da doença é melhor.
Consequentemente, aumentam as chances maior eficácia. Para a psicóloga voluntária da Associação de Amparo à pessoa com câncer (AAPC) Juliana Braga Cardoso, é necessário dar suporte emocional para que paciente e família possam encarar todos os estágios da doença.
- Esse fortalecimento emocional é importante para a adesão ao tratamento. Percebo que o carinho e a união familiar motivam o paciente a superar as dificuldades encontradas no caminho - diz Juliana.