A Cúpula das Américas, nesta sexta-feira e no sábado no Panamá, é a sétima edição do evento, mas certamente será a mais importante - e a mais histórica. Contará com a maior parte dos chefes de Estado do continente - incluindo, pela primeira vez, Cuba, certamente o centro das atenções no momento em que reata relações com os Estados Unidos. Mas não é só. O evento, cujo tema é "Prosperidade com igualdade: o desafio da cooperação nas Américas", será dominado por encontros que provocam grande expectativa.
O presidente cubano, Raúl Castro, deve se reunir com seu par americano, Barack Obama. Se Raúl terá a chance de iniciar o rompimento do embargo econômico que isola seu país, Obama, quando já se encaminha para o fim dos dois mandatos, tem a oportunidade de um feito impactante para deixar uma marca: reaproximar seu país da América Latina depois da surpreendente retomada das relações diplomáticas entre os dois países em 17 de dezembro.
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Representantes de todos os 35 países das Américas e do Caribe estarão presentes. Dentre eles, outro país que será centro das atenções é a Venezuela. Em profunda crise, com desabastecimento de um terço da cesta básica e inflação anual próxima dos 70%, o país presidido por Nicolás Maduro vive um conflito diplomático com os EUA.
Após protestos violentos e prisões de opositores, Obama definiu o país sul-americano como perigo para a integridade dos EUA e impôs sanções a autoridades venezuelanas. Em seguida, Maduro aprovou, no Legislativo de maioria governista, a chamada Lei Habilitante, que permite ao governo governar por decretos na área da segurança pública.
Motivo alegado: ameaça "imperialista" americana. Nos últimos dias, a tensão baixou. O previsto para a cúpula é que os governos panamenho e brasileiro tentem reaproximar os dois presidentes, enquanto os bolivarianos Evo Morales e Daniel Ortega discursam contra o "império" e a favor do aliado Maduro.
Um terceiro evento, no sábado, deve fechar para Obama a rota de reaproximação com a América Latina: o encontro com a presidente brasileira, Dilma Rousseff. Paralelamente à cúpula, Dilma terá encontros com Obama; com o presidente do México, Enrique Peña Nieto; da Colômbia, Juan Manuel Santos; e do Haiti, Michel Martelly; além do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. O chanceler Mauro Vieira também terá encontro com o secretário de Estado americano, John Kerry. Os EUA são a ênfase.
- Os dois lados pediram o encontro. Houve interesse das duas partes para que o encontro pudesse ocorrer, e a oportunidade da Cúpula das Américas permitirá - disse o chefe do Departamento dos Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos do Itamaraty, Paulino Franco de Carvalho Neto.
As três últimas cúpulas realizadas, em 2005 (Mar del Plata, Argentina), 2009 (Port of Spain, Trinidad e Tobago) e 2012 (Cartagena, Colômbia), foram marcadas pelo fracasso na definição de uma resolução final dos encontros. Desde a primeira reunião, em que os EUA tentaram sem sucesso estabelecer a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), nenhum tema conseguiu unir os países envolvidos em torno de um mesmo objetivo.
Encontro histórico
Cúpula das Américas realiza sétima edição no Panamá
Forte expectativa cerca o evento, que ocorre nesta sexta-feira e no sábado, pela primeira vez com a presença de Cuba
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