Eles ganharam fama desde que a crise nas finanças estaduais se agravou. Primeiro, em situações de emergência. Depois, sistematicamente. Ano após ano, os depósitos judiciais passaram a ser usados para financiar o rombo nas contas públicas do Rio Grande do Sul.
No início do governo de José Ivo Sartori, assumiram a forma de um "mal necessário": um remédio tomado em doses excessivas, com efeitos colaterais sérios, do qual o Estado se tornou dependente. Sem alternativas diante de uma contabilidade combalida, Sartori acabou ampliando o uso do artifício até o fim de 2017, mesmo se endividando ainda mais. Se fosse um paciente enfermo, estaria próximo da intoxicação.
A polêmica em torno dos depósitos não para por aí. Os recursos em questão não pertencem ao Tesouro estadual. São valores de terceiros, sob a guarda do Poder Judiciário. Em sua maioria, originam-se de pessoas e empresas que entram com ações na Justiça e esperam as sentenças. Sempre que se apropria dessas verbas, o governo toma emprestado dinheiro dos outros para tapar buracos no cofre.
Contas públicas
Como o governo do RS se socorre com saques dos depósitos judiciais
Desde 2004, o que era para ser mecanismo de emergência virou prática comum até o fim de 2017. A conta chegou a R$ 8,3 bilhões em maio de 2015 e não tem data para ser quitada