Desde o incêndio ao ônibus da linha 376-Herdeiros, dia 19, na entrada do Beco dos Cafunchos, na Zona Leste, a Brigada Militar (BM) ocupou a região. Além do efetivo regular e da Patrulha de Operações Especiais do 19º Batalhão de Polícia Militar (19º BPM), responsável pela área, um pelotão de pronto emprego do Batalhão de Operações Especiais (BOE) dá apoio - cerca de 40 homens patrulham a vila por turno.
- Intensificamos o policiamento a pé e com motos. Também aumentamos as abordagens em todos os períodos do dia - afirma o tenente-coronel Carlos Souto, garantido que o reforço permanecerá na vila até a retomada da tranquilidade.
Segundo o chefe de investigação da 21ª Delegacia de Polícia da Capital, comissário Luís Oscar Fioravanti Fernandes, há suspeita de que o incêndio do ônibus teria sido executado por aliados de Alexandre Goulart Madeira, o Xandi, morto em janeiro em ataque do qual o homem apontado como líder do tráfico nos Cafunchos é suspeito de ser o mandante.
- O objetivo deles era estrangular a boca rival por meios oficiais. Quem é que vai comprar droga em uma região cheia de policiais? - questiona Fernandes.
A estratégia se mostrou eficaz. Uma clareira cercada por mato no meio da vila - que havia recebido até pontos de iluminação clandestina entre as árvores -, onde o comércio de drogas funcionava 24 horas, agora não há movimento.
A presença maciça dos brigadianos é mais um golpe nos traficantes da região, que já haviam sido abalados pela prisão de seu líder. No dia 13, Cristiano Souza da Fonseca, o Tereu, 32 anos, foi detido quando saía de uma boate na Avenida Oscar Pereira em um carro blindado, com um carregador de pistola 9mm. Ele teve prisão preventiva decretada e está na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas.
Estratégia da BM é criar laços com os moradores
Com a operação de presença da BM, aos poucos os moradores dos Cafunchos voltam a sair às ruas. Ainda assim, os olhares desconfiados dirigidos às viaturas e aos brigadianos na área se mantêm. Para superar essa barreira, o comandante do 19º BPM aposta na aproximação com a comunidade, e ressalta a qualificação dos policiais para aperfeiçoar as técnicas de abordagem.
- O objetivo é ganhar a confiança dos moradores. Basta uma ação desmedida para jogar todo esse trabalho por água abaixo - diz Souto.