O grande movimento de ônibus e pessoas no terminal sob o Camelódromo, no Centro de Porto Alegre, virou um paraíso para criminosos. Usuários reclamam que assaltos se tornaram rotina. Os ataques ocorrem nos mais diversos horários - mas o início da manhã e período do final da tarde ao começo da noite seriam os momentos preferidos.
- Assalto é o que mais dá aqui, é direto. Eles (criminosos) vão de dois, três. Quem fica de bobeira com o celular perde - conta um trabalhador das proximidades.
Ele acrescenta que, no final da madrugada, há grande número de ocorrências:
- Os caras vêm dos inferninhos e fazem arrastão aqui.
A funcionária pública Rosana Santos Lopes, 49 anos, observa que idosos são alvos recorrentes.
- O meu pai mesmo foi vítima. Passaram por ele aqui e puxaram a corrente do pescoço. Os bandidos não têm medo de nada - conta.
Uma das formas de atuação dos assaltantes é em grupo. Eles cercam as vítimas e, enquanto dois ou três as seguram, outro pega os pertences. Um trabalhador, que pediu para não ser identificado, contou que aguardava pelo ônibus à noite quando foi abordado por quatro indivíduos:
- Eles roubaram jaqueta, boné, tênis, fardamento do trabalho e dois celulares.
A vítima afirma que ainda levou um soco no olho. O homem agora espera o ônibus do outro lado da Avenida Júlio de Castilhos. Quando vê que o coletivo está para sair, atravessa a rua correndo e embarca. Outros usuários relataram fazer o mesmo.
- Eles ficam todos ali. Quando o ônibus encosta, atravessam - conta um comerciante da Júlio.
Brigada Militar intensifica policiamento
O comandante do 9º BPM, tenente-coronel Francisco Vieira, afirma que as vítimas não costumam avisar a Brigada Militar dos assaltos no local, mas que a corporação tem conhecimento do fato.
- Por isso, estamos intensificando o policiamento na região. Apenas na Voluntários da Pátria, reduzimos em mais de 300 o número de roubos a pedestres no último mês - afirma.
O tenente-coronel diz que o crime na região virou uma rede complexa, possibilitada por três fatores: a impunidade, a oportunidade e a vontade.
- Ninguém fica preso. Os bandidos que costumamos pegar são reincidentes - afirma o oficial.
A orientação da BM aos usuários é não dar chance para a atuação dos criminosos, como usar celular, fones de ouvido e deixar objetos como correntes à mostra.
Titular da 17ª DP, responsável pela região, o delegado Hilton Müller Rodrigues relata que o número de assaltos varia conforme a época, mas afirma que a quantidade é significativa.
- Tem um número grande de ocorrências. Normalmente, são levados celular e dinheiro - conta o delegado.
*Diário Gaúcho