O suplente de deputado federal Paulo Ferreira (PT-RS) afirmou em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade desta quarta-feira que os partidos políticos no Brasil são "reféns" das doações de empresas para bancar os altos custos das campanhas eleitorais. Tesoureiro do PT de 2005 a 2010, ele disse que não cometeu nenhuma irregularidade ao procurar empresários para financiar o partido. As informações são da Rádio Gaúcha.
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A afirmação do petista foi dada após ser divulgado o teor da delação premiada de Gérson de Mello Almada, vice-presidente da Engevix Engenharia. No depoimento, o executivo disse que teria negociado contribuições de campanha com João Vaccari Neto, atual tesoureiro do PT, "e antes com Paulo Pereira". Paulo Pereira, no caso, seria Ferreira, que gerenciou as finanças do PT antes de Vaccari.
O ex-tesoureiro confirmou que encontrou o executivo algumas vezes.
- Nessa função, qualquer secretário de finanças, seja do PT, PSDB, PMDB, se relaciona com quem financia as campanhas. Conheci Gérson Almada e representantes das empresas que tradicionalmente colaboram com todos os partidos.
Ao ser questionado sobre declarações de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, que afirmou que o dinheiro das empresas para as campanhas é uma espécie de financiamento para garantir contratos de obras, Ferreira negou que houvesse essa relação.
- Não tem doação vinculada a obra. O que tem é propina para diretor da Petrobas, isso está claro - disse, ao comentar que Costa pode estar mentindo na delação premiada.
Segundo o suplente de deputado, o grande problema na relação entre as empreiteiras citadas na operação Lava-Jato e os partidos está na forma de financiamento das campanhas. Ele disse que, pelo alto custo, os partidos dependem do dinheiro das empresas.
- Os partidos, em razão do financiamento, são em grande medida reféns dessas doações. (...) Por isso que esse momento é propício para discutir a reforma política, com a limitação ou proibição das contribuições de pessoa jurídica - disse ao afirmar que o PT tem defendido essa mudança na legislação.
Ferreira ainda defendeu o dinheiro recebido pelo ex-ministro José Dirceu para prestar consultoria a empresas citadas na operação Lava-Jato. Segundo o petista, os R$ 29 milhões ganhos pela empresa de Dirceu em cinco anos são totalmente compatíveis com o trabalho realizado.
- Trezentos e poucos mil por mês, vamos convir que para uma empresa, uma consultoria que presta serviço de expansão, é razoável - disse.