A Avenida Paulista, em São Paulo, se converteu em epicentro de uma manifestação histórica das insatisfações populares contra o governo de Dilma Rousseff, na tarde de domingo.
Cerca de um milhão de pessoas, conforme a PM de São Paulo, tomaram as duas pistas da via e as ruas próximas com cartazes, apitos, cornetas e panelas para defender bandeiras como o fim da corrupção e a saída de Dilma e do PT do governo federal.
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No meio da tarde, a quantidade de pessoas espremidas no maior protesto visto em todo o país era tão grande que eram necessários pelo menos 15 minutos para percorrer uma quadra entre apertos e empurrões. O barulho provocado pelos apitos e cornetas era quase ensurdecedor. Diminuía apenas para que fossem ouvidos alguns discursos e o Hino Nacional.
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Em meio à massa estavam manifestantes representando diferentes matizes políticos - uma minoria que pedia intervenção militar, muitos que exigiam o impeachment da presidente e quem desejava apenas criticá-la. O ponto em comum entre todos era o repúdio ao governo federal e ao PT.
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Próximo ao Masp, um caminhão e um ônibus rodeados por algumas centenas de apoiadores exibiam faixas pedindo socorro aos militares - apesar de organizadores do evento, como o Movimento Brasil Livre e o Vem pra Rua, repudiarem essa iniciativa.
- Não é golpe, está na Constituição que o Exército deve intervir quando for necessário normalizar o país - argumentava o administrador de empresas Osvaldo Zucoli, 57 anos.
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Ao redor, em resposta, milhares de outros participantes por vezes gritavam "Democracia! Democracia!". Cada grupo preferiu ficar ao redor de seu próprio caminhão de som (eram pelo menos seis na avenida), sem atritos. Mas a grande maioria dos cânticos era mesmo de rejeição à presidente: "Fora, Dilma!", "Fora, PT!" e "Eu vim de graça!" - em referência ao suposto pagamento para militantes que participaram da manifestação mais favorável ao governo da sexta-feira passada. Em alguns momentos, foram bradados xingamentos a Dilma e Lula.
Muitas famílias participaram do protesto , como a de Edson Matsumoto, 45 anos, Cristiane, 40, e o filho Yan, de seis.
- É o primeiro protesto do Yan aqui na Paulista. Achamos importante importante vir aqui e pedir a saída da Dilma - contou Cristiane.
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A tese de que somente a classe média protesta contra o governo também foi alvo dos participantes. Negro, o professor de história Éder Souza, 30 anos carregava um cartaz irônico com uma seta apontando para ele mesmo no qual se lia "Elite branca contra a Dilma".
- O PT tem um discurso de dividir o Brasil entre ricos e pobres, brancos e negros - explicou.
Depois de mais de quatro horas de manifestação, os participantes começaram a se dissipar. Nas vias transversais, ainda se ouviam os gritos de "Fora, PT", e ruídos de panelas sendo golpeadas do alto de alguns edifícios.
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