O cantor Lobão concedeu entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta sexta-feira. Na atração, o músico falou de seus posicionamentos políticos e de como isso está afetando sua vida particular.
A respeito dos últimos protestos que pediram impeachment de Dilma, Lobão afirmou que disse que essa atitude do povo brasileiro é um fato em si enobrecedor.
- A única maneira de termos dignidade é protestando. Agora, se vai dar em alguma coisa, eu não sei. O que acho mais interessante, atualmente, é a revolta do povo brasileiro que vai criar uma exigência maior da política.
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- A situação econômica e política está inviável. O PT deveria sair da vida pública brasileira por todos os crimes que já cometeu.
Sobre o atual debate político, que tem divido as pessoas em "coxinhas" ou "petralhas", Lobão apontou que esse tipo de maniqueísmo é muito bobo e reducionista.
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- Está havendo um descontentamento geral com o governo. Ponto. O povo brasileiro não tem nada a ver com coxinha, é honesto e trabalhador. 180 milhões de coxinhas é um número um pouco improvável.
Lobão dá crédito para Aécio Neves enquanto oposição, porém, não descarta se opor ao governo do mineiro caso ele fosse eleito presidente.
- Artista chapa branca é um artista anulado. Tem que ficar checando e não mamar nas tetas do governo.
Lobão também falou sobre quando a época em que apoiou o PT.
- Eu nunca fui de esquerda. Acho muito constrangedor ser de esquerda. Eu achava que o comunismo tinha acabado e apoiei o PT porque eles levantavam a bandeira da honestidade. A primeira medida que fiquei constrangido foi quando colocaram o Gilberto Gil como ministro da Cultura. Ele e Caetano Veloso eram os antagonistas da música brasileira na época. Gil foi o embrião de pessoas como o Capilé e destruiu a música independente brasileira.
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- Eles foram insuflados pela intelectualidade de esquerda. Fazem coisas de meninos mimados, como não apertar a mão de branco. Essa marra para mim é muito estranha. No vídeo do Carlos Marighella (Mil faces de um homem leal), eles partem para a luta armada, mas são governo.
O cantor não crê que a sua atuação política se sobreponha a música.
- Acho que o problema maior é o silêncio da minha classe, pois no mundo todo se fala de politica. A classe artística, que foi sempre atuante na história da política brasileira, está apática agora. Eu não falo como político, falo como cidadão que sofre as consequências de uma vida politica bastante conturbada no Brasil.
Durante as eleições de 2014, Lobão declarou que deixaria o Brasil caso a presidente Dilma Rousseff fosse reeleita, mas voltou atrás.
- Jamais falei que ia pra Miami. Falei que havia um êxodo do Brasil no qual todos os amigos meus estavam iam para várias partes do mundo. Eu havia recebido ameaças e falei aquilo de chacota - explicou.
Segundo o músico, ele tem tido dificuldade em agendar apresentações por conta de suas opiniões.
- No ano passado, 80% dos meus shows foram desmarcados por causa da minha posição política. Militantes entravam nas páginas dos contratantes e diziam que eu era torturador ou reacionário. Acabaram derrubando muitas apresentações.
Porém, Lobão diz que não teme ser alvo de represálias na rua.
- Quando eu apareço em qualquer lugar, sou aclamado e me tratam com carinho. Chega na rua, neguinho (militante) sai correndo. Isso não ocorre - garante.
Ouça o Timeline desta sexta na íntegra: