O Planalto respondeu às manifestações que se espalharam pelo país com antigas promessas, como o combate "rigoroso" à corrupção, a reforma política e o ampliação do diálogo. Escalados pela presidente Dilma Roussef para falar, os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral) evitaram um mea culpa, tampouco reconheceram que o governo está fragilizado.
- Não considero que o nosso governo esteja fragilizado. Quem foi eleito por quase 55 milhões de votos e tem claro compromisso com a democracia não está fragilizado - disse Cardozo.
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Os dois ministros insistiram no discurso de que os governos petistas combatem a corrupção de forma rigorosa, diferentemente do que ocorria anteriormente. As investigações dos desvios da Petrobras, feitas na Operação Lava-Jato, foram usadas como exemplo de rigor. No entanto, eles não comentaram sobre o envolvimento no PT no esquema.
Cardozo e Rossetto ainda anunciaram que nos próximos dias o Planalto enviará um pacote de medidas para combater a corrupção, que deve passar pelo Congresso. O tema já foi prometido após as manifestações de junho de 2013 e reforçado na campanha de 2014. Quase dois anos depois da primeira promessa, o pacote parece mais próximo de ser lançado.
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Cardozo e Rossetto reconheceram as manifestações como democráticas e legítimas, mas lembraram que foram dominadas por setores da sociedade críticos ao PT e que não votaram em Dilma. Eles negaram que o governo tenha sido surpreendido pelo tamanho dos atos, que ainda carregariam a polarização da campanha eleitoral.
- A realização das manifestações mostra que o Brasil vive um Estado democrático, que admite opiniões contrárias e que, de fato, está muito longe de alternativas golpistas. O governo está atento e revela a disposição que sempre teve de ouvir as vozes das ruas. Não há democracia sem diálogo, não há democracia sem tolerância de posições divergentes - frisou Cardozo
Cardozo e Rosetto pregaram tolerância e voltaram a usar termos como "golpista" para classificar os pedidos de impeachment. Cardozo reforçou que os brasileiros têm compromisso com a democracia, contrários aos que cobram uma intervenção militar.
- O que não é legítimo e não deve ser aceito é o golpismo, o impeachment infundado que afronta a democracia - falou Rossetto.
Apesar das dificuldades de articulação no Congresso, o governo defendeu a aprovação da reforma política, em especial o fim do financiamento empresarial das campanhas. A esperança é aprovar algumas medidas ainda em 2015.
- São necessárias mudanças para o sistema político eleitoral. É um sistema político anacrônico que constitui a porta de entrada para corrupção - disse Cardozo.
Questionados sobre erros do governo na condução da economia, os ministros preferiram defender a política da equipe do ex-ministro Guido Mantega como forma de proteger emprego e preservar a renda dos brasileiros. Ambos projetaram uma recuperação da economia já para o segundo semestre de 2015, diante do pacote fiscal que é discutido no Congresso.
- Para que a crise internacional não chegasse aos trabalhadores e aos empresários, adotamos uma política de desonerações. Só que esse caminho se exauriu. Precisamos fazer os ajustes necessários para que o Brasil continue a crescer - enfatizou Cardozo.
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* Zero Hora
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