A crise na Petrobras, provocada pelos desdobramentos da Operação Lava-Jato e revelações de fraudes em contratos na maior empresa brasileira, já repercute em Santa Catarina. No mesmo mês em que a Polícia Federal deflagrou a nona fase da operação e prendeu três executivos da Arxo em Itajaí, uma outra companhia que opera no município e oferece serviços para a estatal anunciou a demissão de 450 funcionários de um total de 540.
::: Leia todas as notícias sobre a Operação Lava-Jato
O grupo industrial português Amal Construções Metálicas, especializado na fabricação de módulos para plataformas de petróleo, fez o anúncio da demissão em massa na manhã de quarta-feira. Os empregados foram recebidos com a notícia no mesmo dia em que voltavam de férias coletivas.
O presidente da empresa, Sandro Picchio, disse à reportagem da RBSTV que "ainda precisa definir estratégias para as próximas semanas". Segundo ele, a Amal optou pelas demissões porque a empresa terceirizada para a qual trabalha irá assumir uma das obras contratadas pela Petrobras, ocasionando a dispensa de serviços. Informou ainda que existe a possibilidade de encerramento total das atividades no município.
Esse não é a primeira onda de demissão numa empresa estabelecida em Itajaí desde o início das denúncias da Lava-Jato. Dispensas e paralisações começaram a ocorrer quando o Consórcio MGT demitiu 400 funcionários em dezembro de 2014, com possibilidade de demitir mais 300 este ano.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, Material Elétrico e da Construção Naval de Itajaí e Região, o setor do petróleo em Itajaí e Navegantes reúne de 8 a 10 mil trabalhadores. A maioria trabalha direta ou indiretamente para a Petrobras.
- Rio Grande do Sul tem problema. Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro têm problema. Nós não somos intocáveis - disse Oscar João da Cunha, presidente do sindicato.
O principal setor associado à petroleira no Estado é o naval, com forte concentração em Itajaí e Navegantes. Além da crise de confiança que o mercado agora tem pela Petrobras - o que forçou a estatal a rever seus investimentos -, a redução do preço do barril de petróleo de US$ 120 para US$ 50 influenciou na redução de ritmo de crescimento do setor.
Os fatos que marcaram a operação: