Com a derrota para Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na eleição da presidência da Câmara, Dilma Rousseff decidiu mudar a liderança do governo na Casa. O gaúcho Henrique Fontana (PT) será substituído por José Guimarães (PT-CE) - irmão do ex-deputado petista José Genoino.
Será a primeira mudança na articulação de Dilma depois do pesado revés para Cunha, que venceu a eleição no primeiro turno mesmo com o empenho do Planalto a favor de Arlindo Chinaglia (PT-SP). Ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Pepe Vargas (PT-RS) - responsável por negociar com o Congresso e também desgastado pela derrota de domingo - permanece no cargo que assumiu em janeiro.
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A saída de Fontana foi acertada na segunda-feira, em reunião com Pepe Vargas. Ambos avaliaram que não há clima para permanência. Um dos principais articuladores da candidatura de Chinaglia (PT-SP), o gaúcho ficou muito desgastado. Seu empenho na campanha irritou Cunha, que afirmou não reconhecer mais Fontana como líder do governo.
- Fico extremamente honrado pela escolha e confiança que recebi da presidente Dilma ao ser escolhido como líder do seu governo. Cumpri com minhas responsabilidades - disse Fontana.
- Reconheço que neste momento não há clima para permanência, devido ao meu empenho na campanha do Arlindo. O líder do governo precisa falar diariamente com o presidente da Câmara e quem ganhou a eleição foi o Eduardo Cunha - completa.
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A avaliação bate com a de parte da bancada petista. Para alguns deputados, o líder do partido Vicentinho (PT-SP) deveria ter se exposto mais na campanha, em vez de o líder do governo. A postura ajudou a invalidar o argumento do Planalto de neutralidade na disputa pela Câmara.
Ao deixar a liderança, Fontana promete intensificar a mobilização pela aprovação da reforma política, uma de suas bandeiras na Câmara. O deputado defende o fim das doações de empresas para as campanhas.
- A página tem de virar. Volto para o plenário, vou trabalhar muito pela reforma política. Volto com muita determinação para lutar - afirma.
Com a escolha de José Guimarães, o Planalto deixa a Câmara com um parlamentar da CNB, corrente do ex-presidente Lula, que perdeu espaço no núcleo político do governo Dilma neste segundo mandato. Guimarães terá como missão se aproximar de Eduardo Cunha.