Um dia depois de o Ministério da Educação anunciar o aumento de 13,01% para o piso do magistério, que sobe para R$ 1.917,78, o governador José Ivo Sartori e o secretário Vieira da Cunha foram à sede do Cpers para uma visita destinada a desarmar os espíritos. Sem ter como anunciar o pagamento do piso, reivindicação máxima dos professores, acenaram com o diálogo.
- Do nosso lado não haverá nenhum preconceito com o Cpers, e esperamos que também não tenham conosco - disse Sartori, reafirmando o desejo de dialogar com os professores.
Vieira propôs parceria aos educadores, nas nada ofereceu de concreto:
- Entendemos que na luta que vamos empreender para elevar o nível da educação pública do Estado, a parceria com os professores é imprescindível. Então, a vinda do próprio governador à sede da entidade é uma demonstração de que não abrimos mão do entendimento com a categoria.
A presidente do Cpers, Helenir Oliveira, fez uma série de questionamentos, principalmente em relação ao decreto de corte de gastos, que congela as contratações, nomeações, concursos e convênios. Pediu que o governo torne sem efeito as demissões de contratados, até que seja concluído o levantamento do número necessário de professores por escola e detectadas as reais necessidades de cada instituição. Vieira comprometeu-se a, tão logo encerre o período de matrículas, no dia 13, iniciar a avaliação da necessidade de manter, ampliar ou redimensionar o número de professores por escola. Sartori tranquilizou os professores dizendo que a educação será tratada como exceção, sempre que se comprovar a necessidade de pessoal.
O piso, evidentemente, não poderia ficar fora da conversa. Foi Helenir quem puxou o assunto e lembrou que, apesar dos aumentos dados pelo governo anterior, ficaram faltando 34,5% para alcançar o piso. Vieira relatou a reunião com o ministro Cid Gomes e sua convicção de que a única saída para o pagamento do piso é o aporte de recursos federais. E disse que, nos próximos dias, vai avaliar a repercussão financeira do aumento do piso com o secretário da Fazenda, Giovani Feltes, para apresentar uma proposta ao magistério O cálculo da repercussão já foi feito: são R$ 3 bilhões a mais por ano (R$ 225 milhões adicionais por mês) para pagar o piso como básico da carreira do magistério. Só o completivo pago para que ninguém receba menos do que o piso custará R$ 43 milhões a mais neste ano.
Helenir ainda pediu ao governador que vete os reajustes aprovados pela Assembleia Legislativa para o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Com o argumento de que vai respeitar as normas constitucionais, Sartori indicou que vai sancionar os aumentos para secretários, deputados, magistrados, membros do Ministério Público e do Tribunal de Contas. Não disse o que fará com o aumento do próprio salário e do subsídio de vice-governador.