A prisão de 51 pessoas no Brasil - seis delas no Rio Grande do Sul - em uma operação da Polícia Federal de combate à pornografia infantil, nesta quarta-feira, chamou a atenção para um lado pouco conhecido da internet: a deep web.
Basicamente, é uma espécie de camada mais profunda da internet, onde ficam sites que não aparecem nas procuras feitas em buscadores convencionais, como o Google. Além disso, páginas da deep web são difíceis de rastrear, e os usuários, em geral, são anônimos. Isso porque, neste ambiente, é muito difícil a identificação do ponto de acesso (o endereço IP), ocultando o real usuário da rede.
- Para acessar, o internauta precisa ter um aplicativo instalado no computador para poder navegar procurando se proteger de identificação - explica o delegado da Polícia Civil Emerson Wendt, especializado em crimes virtuais.
Trata-se de um navegador diferenciado dos normais. O mais comum é o TOR (The Onion Router), um software que impede que as atividades online fiquem registradas.
Este ambiente "invisível" pode ficar dentro de sites comuns ou escondido em endereços excluídos dos mecanismos de busca. Para conseguir acessar uma página na deep web, é preciso ter o endereço exato ou conhecer as ferramentas específicas de busca.
Os endereços podem ser formados por uma sucessão de letras e números seguida do sufixo .onion, em vez do tradicional .com.
Chefe da Delegacia de Defesa Institucional da Polícia Federal, Rafael França ressalta que o uso desta rede fechada não é ilícito por si só. Na verdade, é até bastante comum - e nem sempre para crimes.
- A deep web tem um tamanho 60 vezes maior do que a rede aberta. Mais de 150 milhões de pessoas acessam. É uma rede muito usada por pessoas de bem que têm interesse em proteger suas informações de maneira mais eficaz. Empresas e militares, por exemplo, usam com bastante frequência. Mas acabou se tornando atrativo para a prática de crimes e, por isso, chamou a atenção da Polícia Federal - aponta França.