Depois de ver sua fisionomia se espalhar na internet graças a um vídeo que mostra uma briga de trânsito, o homem que teve os vidros do seu carro quebrado a pauladas por um motorista de ônibus da Capital conversou com o Diário Gaúcho.
Ele rebate a versão do motorista do ônibus, nega que tenha tentado entrar no coletivo e admite que agrediu o funcionário da Carris para se defender de ameaças e lesões provocadas por uma barra de ferro. Confira o que disse o condutor do Palio.
Diário - Como começou a discussão?
Condutor do Palio - O ônibus me fechou saindo do corredor para entrar na Bento Gonçalves. Dei sinal, e, mesmo assim, ele não parou. Se eu não reduzisse, ele bateria em mim. Então, eu entrei no terminal e fui tirar satisfação com ele.
Diário - Por que decidiu levar adiante uma discussão de trânsito?
Condutor - Eu fiquei indignado, porque eles (motoristas de ônibus) acham que podem entrar e fazer o que quiserem. Vejo isso todo dia no trânsito. Eu tenho um amigo que quase morreu de moto numa situação como essa. Então, naquele momento, me tirou do sério. Fui até ele na intenção de repreender. Pensei que, quem sabe, se alguém enfrentasse, falasse que está errado, a pessoa percebesse o erro e conseguisse mudar de atitude. Mas acredito que não é o caso, não funcionou.
Diário - Tu e as pessoas que estavam contigo tentaram entrar no ônibus para falar com o motorista?
Condutor - Em nenhum momento alguém fez menção de entrar no ônibus. Eu me aproximei pela janela do motorista, para falar com ele pelo vidro. Não fiz nenhum gesto agressivo. Não cheguei nem perto da porta. Nos xingamos e eu estava voltando pro meu carro quando ele apareceu com a barra de ferro na mão. As pessoas que estavam comigo, meus colegas de trabalho, só saíram do carro depois que ele se aproximou de mim com a barra. Mas não fizeram nada. Começaram uma gritaria para ele parar, mas também ficaram com medo de se aproximar, não tentaram nem separar a gente. Ninguém encostou nele.
Diário - Tu bateu nele?
Condutor - Eu acertei ele com um soco no rosto, com o intuito de me defender, porque ele ia me bater. "Eu vou te pegar", "Vou te bater", ele dizia. Eu ainda perguntei: "Tem certeza que é isso mesmo que tu quer? Brigar?". E ele me acertou três ou quatro vezes com a barra de ferro. Eu dei o soco nele e caí no chão, mas ele continuou tentando me acertar. Consegui me levantar, e ele foi pra cima do carro e começou a quebrar tudo. É a partir daí que aparece na filmagem.
Diário - Que medidas pretende tomar?
Condutor - Fui na delegacia fazer ocorrência e fiz exame de corpo de delito. Vou acionar a Carris. Não quero lucrar nada com essa história, só quero o conserto do meu carro. Sou corretor de seguros e dependo dele para trabalhar. Fiquei dois dias parado com o carro na oficina e desembolsei esse dinheiro do conserto.
Diário - Como está a tua vida nesses dias depois da exposição do vídeo?
Condutor - Em todo lugar que eu chego, sou motivo de chacota. Todo mundo comenta, tiram suas conclusões, e isso interfere na minha vida pessoal e profissional, no meu dia a dia. Onde eu chego, as pessoas querem saber, alguns dão risada, debocham. Outro dia, peguei um táxi, e o motorista veio me dizer que o motorista do ônibus tinha razão de fazer o que fez. Me senti acuado. Andar de ônibus, pra mim, nem pensar. Na hora, um outro motorista botava pilha pra me agredir. No vídeo dá pra ouvir ele gritar: "Bate na cara dele!".
Diário - Alguém te procurou para falar a respeito? Como tu soube da existência do vídeo?
Condutor - Eu nem tinha percebido na hora que tinha alguém filmando, só depois que a polícia chegou. Ninguém me procurou. No meu trabalho, alguém achou o vídeo no facebook e já espalhou de uma forma muito intensa. No dia seguinte, já estava na tevê. Acabou meu sossego, meu telefone não para, todo mundo me procurando.
Diário - Te arrependeu de ter levado adiante?
Condutor - Por um lado, me arrependi, porque poderia ter evitado tudo isso. Mas o objetivo não era criar uma situação agressiva, e sim repreender ele, mostrar que estava errado. O trânsito é muito estressante, eu trabalho o dia todo dirigindo, mas nunca me envolvi em situação parecida. Também nunca tinha chegado a esse ponto de ir confrontar alguém, talvez pela intensidade do momento acabei parando.
>>> Relembre no vídeo como foi a confusão: