A decisão do Ministério da Educação (MEC) de liberar a criação de quatro novos cursos de Medicina no interior do Estado - em Erechim, Ijuí, Novo Hamburgo e São Leopoldo - foi alvo de críticas pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers). De acordo com o presidente da instituição, Fernando Matos, o esforço não deveria ser direcionado à inauguração de novas graduações, mas sim à melhoria das que já existem.
A iniciativa faz parte da estratégia do programa Mais Médicos, que prevê ampliação do número de profissionais formados no interior do país. Além dos quatro municípios gaúchos, outros 35, em mais dez estados brasileiros, foram selecionados - todos eles com população superior a 70 mil habitantes e sem a oferta da graduação na região. No total, duas mil vagas serão criadas.
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Matos está aflito frente à possibilidade de que as novas faculdades, ao engatinhar no método de ensino, comprometam o que ele chama de "produto final": o bom médico. Uma das principais preocupações do Cremers é em relação ao hospital-escola:
- No interior, os hospitais não têm capacidade nem para atender direito, o que dirá ensinar - critica Matos.
O Ministério da Educação garante que um dos requisitos para um município ser apto a receber uma graduação em Medicina, atestado durante as visitas técnicas, é ter "hospital de ensino ou unidade hospitalar com potencial para hospital de ensino". Técnicos do Ministério visitaram as cidades para analisar a estrutura da rede hospitalar, com especial atenção aos equipamentos de saúde, ao número de leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) e aos possíveis programas de residência médica.
Uma chamada pública prevista ainda para este mês vai convocar instituições privadas de Ensino Superior a apresentar propostas para a implantação dos cursos. As mais cotadas pelos municípios são a Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI, em Erechim), a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí, em Ijuí), a Universidade Feevale (em Novo Hamburgo) e a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos, em São Lepoldo).
As universidades escolhidas - o resultado final deve ser divulgado em dezembro pelo MEC - também assumem a responsabilidade de investir na rede de saúde.
- Tão importante quanto a expansão das vagas é a preocupação com a qualidade - afirmou o ministro da Educação, Henrique Paim.