Mais duas pessoas foram presas nesta sexta-feira suspeitas de participarem da adulteração de leite no Oeste catarinense e no RS. Com isso sobem para 22 os detidos nas operações Leite Adulterado I e II, deflagrada na terça-feira.
Os dois presos são funcionários da Latícínios Mondaí, situada em Mondaí. De acordo com o promotor de Justiça e coordenador das operações, Fabiano Baldissarelli, as novas prisões foram solicitadas após depoimentos e análise de documentos.
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Dois funcionários da Laticínios Lajeado Grande, outra empresa suspeita de adulteração no leite, situada em Lajeado Grande, foram soltas.
- Entendemos que não havia mais necessidade de mantê-los presos - disse o promotor.
O inquérito deve ser concluído na próxima sexta-feira. Enquanto isso as duas empresas e suas filiais em Vista Alegre-RS e Ponte Serrada-SC estão sobre regime especial de fiscalização.
Funcionários do Ministério da Agricultura estão controlando a entrada e saída de produtos.
- O leite só é liberado após análise laboratorial - disse o promotor.
Ele afirmou que em Lajeado Grande cerca de 80% da matéria-prima está sendo descartada por causa da baixa qualidade.
A investigação iniciou há cinco meses pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que reúne Ministério Público, Polícia Civil, Polícia Militar, Secretaria da Fazenda Estadual e Polícia Rodoviária Federal. As dencúncias foram encaminhadas pelo pelo Ministério da Agricultura (Mapa).
Entre os presos estão proprietários das empresas, técnicos de laboratórios e funcionários.
Além do lote de número H:16:03 L59, fabricado em 7 de junho de 2014, com validade até 5 de outubro deste ano, sob inspeção do SIF/DIPOA, número 0038/1501, da marca Lajeado Grande recolhido na semana passada, foram tirados de circulação os lotes 54, 67 e 71 da mesma marca. O caso está sendo investigado pelo Ministério de Agricultura.
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De acordo com o Gaeco, os produtos adicionados seriam formol, soda cáustica e água oxigenada e o objetivo seria recuperar leite deteriorado. Também há suspeita de adição de água para aumentar o volume do produto.
O major José Ivan Schelavin afirma que a compra dos produtos químicos era realizada no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) de uma metalúrgica que já estava desativada há um ano.
- Em um ano foram adquiridos 1,5 mil quilos de soda e oito toneladas água oxigenada - relatou.
A estimativa é que dois caminhões com cerca de 70 mil litros de leite cru - metade da produção dos laticínios - eram enviadas diariamente para empresas de São Paulo, segundo o major. O restante era comercializado nos três estados do Sul.
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Para o promotor da comarca de Xanxerê, Eduardo Sens dos Santos, as empresas que recebiam esse produto deveriam desconfiar da qualidade pela distância percorrida. O inquérito deve ser concluído em 10 dias e, em 15 dias, deve ser oferecida a denúncia.
O coordenador regional do Gaeco na Região Oeste, Fabiano Baldissarelli, afirma que os envolvidos podem ser enquadrados em crimes como organização criminosa, falsidade ideológica e adulteração de produto alimentício, penas que somam no mínimo oito anos de detenção.
Contraponto
Na terça-feira. As empresas citadas foram procuradas, mas ninguém atendeu as ligações. Na casa de Irineu Bornholdt, ninguém quis falar sobre o assunto. A Laticinios Mondaí divulgou uma nota em sua página do Facebook onde afirma que a empresa foi surpreendida pela ação em razão de supostas desconformidades nos exames laboratoriais. Na nota, a empresa afirma que segue as normas dos órgãos fiscalizadores, está colaborando com as investigações e vai adotar um plano de medidas de controle da qualidade e conformidade. A empresa ressaltou que não tem vínculo com o outro laticínio suspeito, a Lajeado Grande.
Nesta sexta-feira a reportagem tentou novamente contato com os três telefones da Laticínios Lajeado Grande informados nas redes sociais, mas nenhum atendeu.