O número de pessoas fora de casa pode dobrar em Uruguaiana, na Fronteira Oeste, até a noite de sexta-feira (4). A projeção é do coordenador da Defesa Civil do município, Paulo Wouthers. Em entrevista ao Gaúcha Repórter nesta quinta-feira, o coordenador disse que a última medição realizada pelo órgão apontou que o Rio Uruguai está 10,48 cm acima do nível normal na cidade.
Wouthers destacou que o rio começou a baixar na região de São Borja e que tende a estabilizar em Itaqui. No entanto, em Uruguaiana a expectativa é que a alta chegue a 12 metros. Com isso, de 800 a mil pessoas ainda poderão ter de deixar as residências entre a noite de sexta-feira e a manhã de sábado.
O coordenador da Defesa Civil de Uruguaiana disse que 10 equipes do Exército estão auxiliando a retirar as pessoas de casa preventivamente. Segundo Paulo Wouthers, a Brigada Militar intensificou as patrulhas móveis nas áreas atingidas, afim de coibir os saques às residências temporariamente abandonadas.
"Estamos fazendo um trabalho de prevenção. Infelizmente a gente encontra alguma resistência. Algumas famílias não querem sair de casa por medo de roubos. Durante a noite acabam sendo atingidas e na madrugada temos que entrar na água para resgatá-las".
Situação em Itaqui
Também em entrevista ao programa, o coordenador da Defesa Civil de Itaqui, Marcos Santos, disse que o número de desabrigados e desalojados pode aumentar na cidade, mesmo que o nível do rio tenda à estabilização.
"Na última medição, nesta tarde, o rio estava 12,73 metros acima do nível. A expectativa é que estabilize em 12,80 metros. Mesmo assim, o número de pessoas fora de casa pode aumentar, pois ainda estamos terminando esse levantamento", projetou.
O coordenador relatou que algumas famílias tiveram as suas casas removidas para lugares mais altos.
"O nosso diferencial é que temos algumas volantes, casas de madeira que ficam em cima de postes de madeira, na beira do rio. Nesses casos, nós retiramos as residências, rebocamos com trator e máquinas para lugares mais altos", explicou.
Conforme Santos, a última enchente de grandes proporções foi registrada em 2009 no município. Naquela ocasião, o rio ficou 11,80 metros acima do nível normal.
Situação no Estado
Mais de 15 mil pessoas ainda seguem fora de casa no Rio Grande do Sul em função das chuvas. No início da manhã desta quinta-feira (3) o número de atingidos era de 22 mil, o maior desde que os efeitos das cheias começaram a ser sentidos no Rio Grande do Sul, na semana passada.
Novo balanço divulgado pela Defesa Civil no fim da manhã, informa que 1,4 mil pessoas estão em abrigos municipais e outros 13,6 mil em casas de parentes e amigos.
Ao todo, 99 municípios sofreram os efeitos das cheias e 43 já decretaram situação de emergência por causa das enxurradas e alagamentos. Iraí e Barra do Guarita decretaram estado de calamidade pública. O retorno da chuva nas regiões Norte e Nordeste, nesta quinta-feira preocupa a Defesa Civil, que já realiza ações preventivas nos locais. A previsão é de 80 milímetros de chuva na Região Noroeste nos próximos dias.