Em três dias, 82 imigrantes ganeses chegaram a Caxias do Sul. O último grupo, de 17 homens, chegou na manhã desta sexta-feira (04) ao Centro de Atendimento ao Migrante, no bairro Desvio Rizzo. O centro é ligado à Igreja Católica. Esse grupo terá que esperar até segunda-feira para entregar na Polícia Federal o protocolo de pedido de refúgio. Com esse documento, eles podem encaminhar o visto de trabalho e fazer os documentos necessários para que possam trabalhar no país.
A prefeitura admite que não tem condições de dar acolhimento em albergues a toda a demanda de imigrantes. Dos 25 que chegaram na quarta-feira (02), dois ficaram no albergue municipal e os demais passaram a noite no Centro Diocesano de Pastoral. Na quinta-feira, parte dos 40 homens que desembarcou em Caxias no segundo grupo passou a noite em uma casa que também é mantida por uma organização religiosa.
Conforme a diretora de Proteção Social da Fundação de Assistência Social (FAS), da prefeitura, Alda Lundgren, existe uma verba federal de R$ 10 mil, mas esse valor é insuficiente para ter uma casa de acolhimento para os imigrantes.
Sem ter onde abrigar os imigrantes, as freiras do Centro de Atendimento ao Migrante pediram ajuda à Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores. Durante a tarde de sexta-feira, estagiários da Câmara, assessores parlamentares e voluntários ajudaram os ganeses a preencher os protocolos que serão entregues segunda-feira na Polícia Federal. Neste final de semana, o grupo de 17 pessoas ficará na quadra de esportes do seminário Nossa Senhora Aparecida, próximo aos Pavilhões da Festa da Uva.
Cerca de três mil haitianos e senegaleses moram em Caxias. Os senegaleses se organizaram em uma associação, que já conta com 1,2 mil pessoas. Essa é a primeira vez que Caxias recebe um grande grupo de ganeses.
Ganeses
Boa parte dos ganeses que desembarcaram em Caxias chegaram ao Brasil por São Paulo no início da primeira quinzena de junho. Alguns relataram terem recebido o primeiro abrigo em uma mesquita de São Paulo. Depois, passaram por Criciúma, em Santa Catarina. Há relatos de que na cidade catarinense há um contato que pode auxiliar os ganeses a encontrar emprego. A alta demanda de estrangeiros que buscam documentação no Polícia Federal em São Paulo e em Criciúma fez com que eles viessem a Caxias.
Os ganeses que chegaram a Caxias entraram no Brasil legalmente. O visto de entrada no Brasil é válido para a Copa do Mundo e permite entrada até o dia 13, dia da final da Copa. Eles vieram sem lugar para ficar, com poucas roupas, alguns apenas com a roupa do corpo, e sem falar português. Além de dezenas de dialetos tribais, a língua falada em Gana, ex-colônia britânica, é o inglês.
Eles estão no Brasil à procura de trabalho, pois são os responsáveis pelo sustentos das esposas, filhos, pais e irmãos que ficaram na África.