Uma investigação do Ministério Público (MP) que resultou na prisão do diretor do presídio de Taquara, Evandro Teixeira, e do chefe de segurança da casa prisional, Marcelo Alexandre Ribeiro de Carvalho, identificou um suposto esquema de corrupção na casa de detenção. O esquema seria intermediado pela direção e por um detento do regime aberto, também preso na operação e cujo nome não foi divulgado. De acordo com a investigação, para permanecer no presídio de Taquara, alguns apenas pagavam para os agentes presos. Caso contrário, eram encaminhados a outras casas prisionais
- Eles negociavam e cobravam dos presos para permanecer no presídio ou vir de outras casas pressionais, dando algumas regalias a eles, como cela exclusiva ou não tão superlotada - disse o Subprocurador de Justiça para Assuntos Institucionais, Marcelo Dornelles.
A Operação Pitágoras, como foi denominada, se iniciou em agosto do ano passado, após denúncia anônima, e tabém teria comprovado o desvio de verba de convênios com entidades públicas e prefeituras, cobrança de valores ao presos, exploração de detentos, entre os outros crimes, ainda em investigação pelo MP. As entidades e os valores movimentados não foram divulgados.
O MP também tem indícios de que a direção do presídio fazia prestação de contas com notas falsas ou adulteradas com origem em municípios como Gramado, Parobé e Canoas, onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão de provas.
Detalhes da operação foram dadas durante coletiva no Fórum de Taquara
Foto: Charles Dias/ Especial
- Há um cenário de corrupção bastante assustador no presídio - destaca o promotor do MP de Taquara, Leonardo Giardin de Souza.
Os dois servidores são suspeitos, até o momento, de peculato, corrupção passiva e homicídio com dolo eventual, pois, de acordo com o MP, teria havido a omissão de socorro a um preso que morreu no final de 2013. Ambos foram encaminhados para o Grupamento de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil, em Porto Alegre , e devem ficar presos temporariamente por 30 dias. O terceiro preso na operação está na Delegacia de Taquara, onde ficará até que a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) decida para qual presídio ele será encaminhado. A defesa dos presos afirmou que não irá se manifestar até o fim das investigações.
A Susepe confirmou os desligamentos do diretor de presídio e do chefe de segurança. Segundo Irineu Koch, Superintendente Adjunto da Susepe, a Superintendência coopera com o que for necessário para a investigação.
Desde a manhã desta sexta-feira, a Corregedoria Geral do Sistema Penitenciário atua como interventora no presídio, onde ficará até que haja nomeação de uma nova direção, o que ainda não tem data para ocorrer.
A casa de detenção de Taquara abriga atualmente 158 presos no regime fechado e 115 em sistema semi-aberto.