Sidimar Luiz Lavandoski, membro da direção da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul do Brasil (Fetraf-Sul)
Zero Hora - Qual a proposta da Fetraf?
Sidimar Luiz Lavandoski - Nós partimos do princípio que a terra nunca foi indígena. As áreas que os índios reivindicam são áreas de colonização centenária. Não existe nada que as diferencie do processo histórico das demais áreas do munícipio. Os grupos que reivindicam essas áreas são dissidentes de outras áreas. Foram expulsos ou saíram de áreas criadas no início do século 20.
ZH - Qual seria a Fetraf a solução?
Lavandoski - Se os índios têm direito a terra e não podem voltar à área de onde foram expulsos, o governo pode comprar áreas de terra a partir do que prevê o estatuto do índio e criar novas reservas. O governo deve comprar terras que os agricultores querem vender. Não se pode tirar a terra que o agricultor familiar que o próprio Estado vendeu.
ZH - Mas como acomodar os dois grupos?
Lavandoski - O problema dos índios não se resolve apenas com terra. Se resolve também com políticas públicas que fomentem o desenvolvimento das áreas das comunidades indígenas. Os índios estão abandonados pelo Estado, as terras são dominadas por caciques que as arrendam. A fragilidade do governo acaba por aumentar os conflitos.
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Veja no mapa onde ocorreu o conflito: