Um episódio rumoroso, que marcou a CPI do Detran, em 2008, e abriu uma crise no governo Yeda Crusius (PSDB), voltou à tona na primeira sessão da CPI da Procempa após o recesso parlamentar, nesta quarta-feira, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre.
Ao depor, o secretário de Governança Local, Cézar Busatto, foi questionado pelo presidente da CPI, Mauro Pinheiro (PT), sobre a possibilidade de uso da Procempa para o financiamento de campanha.
- A Procempa foi o Banrisul do governo municipal? - perguntou Pinheiro.
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A questão foi uma referência a um diálogo de cerca de 20 minutos entre Busatto - quando ainda era chefe da Casa Civil do governo Yeda - e o então vice-governador Paulo Afonso Feijó. Na conversa, gravada no dia 26 de maio pelo vice-governador, Busatto disse a Feijó que o Detran e o Daer foram "fontes de financiamento" para todos os governadores.
A Pinheiro, o secretário afirmou que "a pergunta tem de ser respondida por quem comandava a Procempa à época". Ele relembrou o episódio, do quase se disse vítima, e fez uma ponderação.
- Todos conhecemos a política. Quem não a conhece que atire a primeira pedra. Enquanto persistir a forma atual de financiamento de campanha, não vamos enfrentar de forma séria a situação de usar a área pública para objetivos que não são públicos - ressaltou Busatto.
Além de Busatto, deveria ter prestado depoimento nesta quarta-feira o ex-presidente da Procempa, André Imar Kulczynski. Mas ele enviou à CPI um atestado médico justificando não ter condições de falar.
Kulczynski foi demitido do comando da companhia em junho, quando suspeitas de irregularidades se tornaram públicas. Servidor concursado do Estado, ele está afastado do trabalho devido ao tratamento de saúde a que está se submetendo, para depressão.
A próxima sessão da CPI ocorrerá na quarta-feira, dia 12. A última sessão ocorre dia 19, mas há possibilidade de prorrogação. Para o dia 12, está previsto o depoimento do ex-conselheiro da Procempa e membro do PTB, Claudio Manfroi.