Estaria irregular a obra em que uma laje ruiu e deixou seis funcionários feridos na tarde desta terça-feira, no bairro Bom Jesus, em Porto Alegre. A informação é do delegado Ayrton Martins, da equipe volante da 1ª Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (1ªDPPA), que acompanhou os trabalhos da perícia.
- Entidades fiscalizadoras estiveram no local e foi apurado que, junto à prefeitura, não havia a devida autorização (para a obra funcionar). O arquiteto, que é o responsável técnico, e o proprietário do local serão ouvidos a respeito disso - informou o delegado.
A estrutura fazia parte de uma construção nos fundos de uma produtora de vídeo localizada na Rua São Matheus. A laje desabou de uma altura de oito metros, por volta das 13h30min, enquanto era concretada por um funcionário de uma empresa terceirizada.
Segundo o major Canto, do Grupamento de Busca e Salvamento (GBS) da Brigada Militar (BM), seis dos 10 operários que trabalhavam no local foram socorridos conscientes e encaminhados ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) e ao Hospital Cristo Redentor. Até a tarde desta terça, as informações ainda eram desencontradas e não se sabia quantos homens estavam acima e abaixo da laje no momento em que ela ruiu.
O funcionário Joel Farias, 29 anos, estava próximo ao local da queda quando ouviu o estrondo. Segundo ele, dois operários foram soterrados pelos materiais, sendo que um deles teria sido retirado em estado mais crítico.
- Foi horrível ver nossos amigos gritando sem podermos ajudá-los - disse Farias.
De acordo com o operário, a construção não possuía mecanismos que oferecessem segurança aos trabalhadores, como uma linha de vida _ sistema de ancoragem, com cabos de aço em que cintos de proteção são engatados. Ele ainda afirmou que a laje estava sendo concretada sem que tivesse uma estrutura de escoramento central.
A mesma informação foi repassada ao delegado por bombeiros e engenheiros do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-RS) que estiveram no local do desabamento.
- Conversamos com bombeiros que fizeram o atendimento e há informes de que alguns dos socorridos não estavam usando os cintos necessários. E, conforme engenheiros que inspecionaram a obra, aspectos técnicos também não foram respeitados. As informações, no entanto, ainda devem ser apuradas - informou o delegado.
Uma equipe do Instituto-Geral de Perícias (IGP) passou a tarde no local e isolou a obra devido a possível necessidade de uma nova perícia. O proprietário da empresa e o arquiteto responsável pela obra preferiram não se manifestar. O caso foi encaminhado para a 15ª Delegacia da Polícia Civil.