A praça já tem seu novo símbolo. A Câmara Rio-Grandense do Livro, entidade promotora da Feira do Livro de Porto Alegre, anunciou há pouco, em um encontro no Restaurante Moeda do Santander Cultural, Luís Augusto Fischer como o novo patrono do evento. O novo nome foi escolhido por um colegiado de notáveis dentre uma lista com 10 finalistas.
Os 10 patronáveis deste ano foram obtidos por uma votação entre os associados da Câmara da Livro, o que inclui livreiros e editores. O nome do patrono saiu de uma segunda votação, feita por um conselho cultural composto por figuras de destaque, pessoas ligadas à universidade, ex-patronos e dirigentes da Câmara, a quem foi pedido que votassem em três candidatos cada um, escolhendo-se daí o mais votado.
Enquanto era assediado pela imprensa logo depois do anúncio, Fischer estava aflito porque tinha uma aula para ministrar dentro de poucos minutos. Mesmo nos momentos solenes, não deixa de lado os compromissos literários. Será que ele terá a oportunidade de exercer esse ativismo também na nova função?
- O patrono pode, pelo menos, colocar os assuntos em pauta. Quando o Ruy Carlos Ostermann foi patrono (em 2002), se dispôs a ser meio deputado, fez reunião com bibliotecários. Vou me tornar um representante do leitor. Também sou leitor. Em todas as edições da Feira, venho aqui, compro livro, fico irritado quando não tem - sorri Fischer.
Ele fala com a autoridade de quem é assíduo no evento. Costuma ser visto participando de mesas-redondas, oficinas e bate-papos. O desafio da Feira, segundo ele, é promover variedade na oferta de livros.
- Sei que houve queixas, inclusive minha, de que as bancas, por motivos reconhecíveis e dignos, querem vender livro que já vende, como Cinquenta Tons de Cinza. Tudo bem que esse livro esteja na praça, não tenho nada contra, mas não pode todo mundo vender só isso. Ter uma diretriz de variedade de oferta é essencial para a Feira ter sentido - defende.
Nascido em Novo Hamburgo, Fischer, 55 anos, é autor do Dicionário de Porto-Alegrês (1999). Reunindo expressões características e curiosas dos moradores da Capital, o volume se tornou best-seller. Foram seus "15 minutos de fama", como brinca:
- Naquela Feira de 1999 e na de 2000, dei muitas entrevistas. Fui até cumprimentado no supermercado.
Colunista de Zero Hora, escreveu volumes ensaísticos como Machado e Borges, sobre o mestre brasileiro e o mestre argentino, e Inteligência com Dor, sobre Nelson Rodrigues. Enveredou pela ficção em títulos como O Edifício do Lado da Sombra (1996), Rua Desconhecida (2002) e a novela Quatro Negros (2005).
O autor, que será empossado na abertura da 59ª Feira do Livro, em 1º de novembro, concorreu com Airton Ortiz, Caio Riter, Celso Gutfreind, Cíntia Moscovich, Claudia Tajes, David Coimbra, Fabrício Carpinejar, Francisco Pereira Rodrigues e Maria Carpi.
A escolha do patrono é realizada em duas etapas. Primeiro, a Câmara Rio-Grandense do Livro promove uma votação entre seus associados, incluindo livreiros e editores. Daí saem os 10 patronáveis. Uma segunda votação é realizada por um conselho cultural que envolve ex-patronos e dirigentes da Câmara, entre outros. Cada um escolhe três patronáveis. O mais votado é o homenageado.
Além de Fischer, também concorriam como patronáveis Airton Ortiz, Caio Riter, Celso Gutfreind, Cíntia Moscovich, Cláudia Tajes, David Coimbra, Fabrício Carpinejar, Francisco Pereira Rodrigues, e Maria Carpi.
O novo patrono recebe o cargo das mãos de seu antecessor Luiz Coronel. A Feira do Livro de Porto Alegre vai de 1º a 17 de novembro.
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