Uma reportagem de Sônia Bridi e do jornalista americano Glenn Greenwald para o Fantástico revela a que Agência de Segurança Nacional americana (NSA, na sigla em inglês) teria promovido extensa espionagem à presidente Dilma Rousseff e a seus principais assessores.
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Um documento de junho de 2012 mostra um projeto de monitoramento de telefonemas, e-mails e redes sociais do presidente mexicano, Enrique Peña Nieto e de Dilma Rousseff. Um relatório fornecido a Greenwald pelo ex-analista da NSA Edward Snowden mostra mensagens de texto de Peña Nieto interceptadas com sucesso, em que, recém eleito, ele revelava o nome de seus possíveis ministros, que só assumiriam seis meses depois. O texto também mostra os detalhes da operação em torno de Dilma, supostamente para traçar o perfil de comunicação do governo brasileiro, e declara ter obtido êxito, mas sem mostrar conteúdo interceptado.
O documento revelado por Snowden não deixa claro se a espionagem à governante do Brasil foi feita apenas por meio de programas de computador ou se houve o emprego de espiões nas embaixadas dos Estados Unidos no Brasil.
- A tática do governo americano desde o 11 de Setembro é dizer que tudo é justificado pelo terrorismo, assustando o povo para que aceite essas medidas como necessárias - disse Snowden, segundo relato de Greenwald, que adicionou que a maior parte da espionagem não tem a ver com terrorismo, mas sim com questões políticas e comerciais.
A estratégia de espionagem permitia tanto ao presidente americano, Barack Obama, quanto a outros líderes americanos compreender a abordagem política e comercial de "questões controversas" durante conferências com lideranças estrangeiras.
Para Greenwald, a principal questão da espionagem americana mora na competição comercial.
- Países fortes que competem com empresas americanas motivam a espionagem - disse.
Um outro dossiê mostra a existência de uma divisão inteira dedicada para investigar a organização comercial de países como Bélgica, França, Alemanha, Itália, Espanha, México e Brasil. Em ainda outro documento, a NSA se mostra preocupada em descobrir se o Brasil é "amigo, inimigo ou problema" para os Estados Unidos, assinalando que o país é uma "dúvida do cenário diplomático".
Procuradas pela equipe do Fantástico, as embaixadas americanas no Brasil e no México não quiseram se pronunciar.