Como há 30 anos.
Neste domingo, tanto quanto no 28 de julho de 1983, Renato foi o maior responsável pela vitória do Grêmio. Contra o Peñarol, na decisão da Libertadores no velho Olímpico, Renato, acossado por dois marcadores, cruzou uma bola improvável da direita para César mergulhar e fazer o gol da vitória de cabeça. Contra o Fluminense, na novíssima Arena, Renato, agora convertido em treinador, mudou o time no intervalo, e o Grêmio voltou a campo reanimado para fazer 2 a 0.
Sem essa ação no vestiário, o Grêmio não conseguiria vencer. Talvez perdesse. Porque o primeiro tempo foi dominado até com alguma facilidade pelo Fluminense, que tocava a bola de intermediária a intermediária, evoluía quase sem objeção e fazia algumas infiltrações insinuantes, principalmente pelo direito de ataque.
O Grêmio se submetia ao adversário da mesma forma como se submeteu em outro jogo na Arena, diante do Botafogo, duas semanas atrás. E, como duas semanas atrás, o grande problema era a falta de mobilidade dos meio-campistas. Elano e Zé Roberto, embora tenham técnica reconhecida, pareciam perdidos entre os jogadores do Fluminense, deixavam o pobre volante Adriano sozinho no combate aos meias e atacantes inimigos. Na frente, Barcos não acertava um único lance. Quanto tentava a jogada individual, era desarmado; quando tentava o passe, a bola parava no pé de um inimigo. Os laterais, que poderiam ajudar, não avançavam. Sobrava a movimentação de Riveros no meio e, na frente, o empenho solitário de Kleber, que jogava de costas para os zagueiros, recebendo faltas nem sempre marcadas pelo juiz.
Mesmo assim, foi o Grêmio que quase abriu o marcador duas vezes, quando Elano acertou uma falta no pé da trave, aos 12 minutos, e quando Riveros deu um chute de letra, também na trave, aos 37. De resto, a bola ficou com o Fluminense, tanto que os jogadores do Grêmio foram para o vestiário, senão debaixo de vaia, sob murmúrios de insatisfação da torcida.
Então, Renato agiu. Zé Roberto e Riveros recuaram um pouco mais, ajudaram Adriano na marcação e obstruíram a jogada forte que o Fluminense tinha pelo lado esquerdo da defesa gremista. Graças a esse suporte, Alex Telles pôde avançar, e foi ele quem fez uma bela jogada pelo flanco e cruzou na cabeça de Riveros, que abriu o placar aos cinco minutos.
Com a vantagem no marcador, o Grêmio se acantonou na defesa e passou a esperar os contragolpes. O Fluminense bem que tentou repetir o jogo envolvente do primeiro tempo, sem sucesso. Agora, o meio-campo do Grêmio estava mais compactado. O Fluminense simplesmente não criou lances de penetração. O Grêmio, sim. Aos 38 minutos, Zé Roberto driblou dois pelo lado esquerdo e passou com perfeição para Kleber, que entrou na área e desviou do goleiro: 2 a 0.
O único lance perigoso do Fluminense, de Jean, passou quase despercebido pela torcida gremista, porque naquele exato momento o Inter levava um gol no Recife. E aquela tarde, que havia começado com a festa comedida pela conquista de três décadas atrás, terminou alegre na Arena, a nova casa de Renato Portaluppi.