O Rio Grande do Sul subiu seis posições e deixou de ser o Estado com as piores taxas de desempenho entre alunos do Ensino Médio da rede estadual. O avanço no ranking tem como base dados divulgados pelo Ministério da Educação e apresentados, na tarde de ontem, pela Secretaria Estadual de Educação (SEC).
Conforme o levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o resultado positivo foi motivado pela queda de 4,4 pontos percentuais no índice de reprovação do Ensino Médio estadual em 2012. O percentual de alunos reprovados no ano passado ficou em 17,9% - em 2011, o índice chegava a 22,3%.
O fator contribuinte para que menos alunos repetissem o ano foi a implementação da reestruturação curricular, afirma o secretário estadual da Educação, professor Jose Clovis de Azevedo. Iniciada em 2012 pelo 1º ano do Ensino Médio, a reforma inclui ampliação da carga horária, integração de disciplinas e quesitos para aprovação.
- O avanço no desempenho se deve à mobilização que se fez para, além de mudar o currículo, qualificar professores e motivar os alunos a estudar. Com isso foi possível reverter uma curva que vinha em queda. Hoje ela é ascendente - avalia o secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo.
Para reforçar a tese de que a reforma curricular é responsável pelo melhor desempenho da rede, a SEC apresenta as taxas de rendimento de anos cujas turmas passaram a ter a nova matriz em 2012. No Ensino Fundamental, que também passa por reestruturação curricular, que começou pelos anos iniciais, o índice de reprovação caiu em 2,7 pontos percentuais no ano passado. No 1º ano do Ensino Médio, a redução foi de 31,1%, em 2011, para 23,7% em 2012.
Apesar de ter reduzido e colocado o Estado em uma posição encarada como "menos pior", a taxa de reprovação ainda é considerada alarmante. Para a pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Margareth Simionato, o alto índice reflete a descontinuidade de propostas políticas e pedagógicas associadas a uma escola pouco atraente, professores mal remunerados e salas de aula lotadas.
Segundo Margareth, ainda é cedo para dizer se o avanço representado pelos números do Inep se deve à reforma curricular. Para ela, faz mais sentido pensar os dados positivos como parte de um movimento natural da educação - que vem sendo discutida e melhorada de forma lenta, porém gradual:
- O Ensino Médio nunca foi visto com a importância que tem. E por isso, ele nunca teve uma identidade própria. O que se vê é uma dualidade: ou ele é Ensino Médio que forma para entrar na faculdade, ou é profissionalizante, que forma para o mercado de trabalho. Agora é o momento da discussão: afinal, o nosso jovem está se formando para quê?
As mudanças no currículo
Carga horária
Ampliação para 3 mil horas ao longo dos três anos, com 600 horas a mais destinadas a pesquisas sobre o mundo do trabalho. Cada escola tem autonomia para decidir se a ampliação da carga horária vai significar estudos no turno inverso ou então horas a mais em um mesmo turno.
Integração de disciplinas
A intenção da Secretaria da Educação é que os professores possam se reunir e traçar planos comuns de ensino, relacionando uma disciplina com a outra e facilitando a compreensão por parte do aluno.
Áreas de conhecimento
As disciplinas tradicionais continuam a ser ministradas, mas agrupadas em quatro grandes áreas:
1. Linguagens (português, literatura, artes e educação física)
2. Matemática
3. Ciências da Natureza (física, química e biologia)
4. Ciências Humanas
Quesitos de aprovação
As notas numéricas, conferidas por disciplina, foram substituídas por três conceitos, que avaliam o desempenho nas quatro grandes áreas do conhecimento. Os conceitos são:
1. Construção Satisfatória da Aprendizagem
2. Construção Parcial da Aprendizagem
3. Construção Restrita da Aprendizagem
Progressão parcial
Pela nova regra, o aluno que obtém o pior dos três conceitos possíveis, batizado de Construção Restrita da Aprendizagem (CRA), em uma das quatro áreas, está aprovado e passa para o ano seguinte. No entanto, se ele fica com CRA em duas ou mais áreas, é reprovado.
Neste ano, as avaliações progressivas têm sido feitas de forma trimestral. O objetivo é que o aluno recupere o conhecimento enquanto cursa o ano.