Os donos da boate Cabaret Voltaire devem depor na 17ª Delegacia de Polícia Civil (17ª DP), que irá apurar as responsabilidades sobre o incêndio que destruiu parcialmente, na noite de sábado, esta tradicional casa noturna de Porto Alegre. Não houve feridos, já que na hora do fogo a boate não estava funcionando.
- Nos chegou uma informação de que os proprietários estão desconfiados que o incêndio possa ter sido criminoso, vamos chamá-los para ouvi-los amanhã - comentou o delegado Hilton Muller, da 17ª DP.
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Também na segunda deverá chegar às mãos do delegado o resultado das primeiras investigações feitas ainda durante o incêndio pelos agentes da Volante - uma unidade de pronto atendimento da Polícia Civil. A investigação consiste nas observações e anotações dos nomes de testemunhas feitas na hora do evento pelos policiais.
Durante a manhã de domingo, Zero Hora conversou com os dois proprietários, Carlos Beust Oliveira, 63 anos, e o Jeremy Crawshaw, 39 anos, empresários da noite da Capital.
- Não podemos apontar a causa do incêndio, isso é com a perícia. Mas podemos alinhar uma série de fatores que nos levam a pensar na situação, por exemplo: várias pessoas nos queriam fora daqui, pelos mais variados motivos. Onde começou o incêndio (entre o teto e o telhado) não tinha o que pudesse provocar fagulhas já que a fiação não passa por ali - falou Crawshaw.
Fogo teria começado entre o telhado e o forro
O outro proprietário, Oliveira, acrescentou que logo depois do incêndio da boate Kiss, que aconteceu na madrugada de 27 de janeiro, em Santa Maria, matando 241 pessoas, o Cabaret foi interditado pelas autoridades por uma série de problemas. Durante duas semanas, ao custo de R$ 80 mil, todos os problemas foram corrigidos, principalmente os da fiação, afirma Oliveira.
A perícia
O prédio é locado e os donos da boate não têm seguro. A causa do incêndio deverá ser determinada pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP). Durante a manhã, o perito criminal Rodrigo Ebert, ficou durante três horas fazendo levantamento no local. A utilização de cada área dentro do prédio foi explicada a Ebert pelos proprietários.
- O que posso afirmar é que o fogo começou no desvão (o vão que divide o forro do telhado). A causa será estabelecida pela perícia. Também confirmamos a versão dos Bombeiros que dois terços do prédio foi destruído - falou, de maneira apressada, Ebert.
Novas perícias devem serem feitas no prédio. A previsão é de que o trabalho do IGP seja concluído em 30 dias. O resultado da perícia será fundamental para o inquérito policial.