Uma operação policial realizada a partir de investigação do Ministério Público do Rio Grande do Sul busca desmontar um esquema de adulteração de leite realizado na metade norte do Estado.
A operação Leite Compensado cumpre cerca de 10 mandados de prisão e oito de busca e apreensão estão sendo cumpridos nas cidades de Ibirubá, Guaporé e Horizontina. Até as 9h, oito pessoas haviam sido presas.
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A investigação, comandada pela Promotoria de Justiça Especializada Criminal, em conjunto com a de Direito do Consumidor e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, identificou cinco empresas de transporte de leite suspeitas de adulterarem o material antes de entregá-lo às indústrias.
Água utilizada na adulteração era retirada de poço artesiano, em Ibirubá
Foto: Fernando Goettems
Segundo apontado pela investigação, depois de pegar o leite com os produtores, os atravessadores adicionariam ureia no leite, a fim de mascararem a adição de água de poço no alimento. Análises de leite cru identificaram a presença de formol, substância cancerígena contida na ureia, que mesmo depois dos processos de pasteurização continua no produto final.
Para lucrar cerca de 10% além dos 7% já pagos sobre o leite cru, algo como R$ 0,95 no litro, essas empresas colocavam, na proporção: um quilo de ureia para 90 litros de água em mil litros de leite. A estimativa é de que o esquema tenha fraudado mais de 100 milhões de litros de leite no período de um ano. As amostras foram coletadas no decorrer da investigação em supermercados de Porto Alegre apontaram fraude em 14 lotes de leite UHT.
Suspeito é preso pela BM em Selbach, no Norte do Estado
Foto: Fernando Goettems
A ureia é adicionada para compensar a perda nutricional, provocada pela adição de água, é que poderia ser identificado em testes realizados pelas indústrias. A adição de ureia, que possui formol, no leite é considerado cancerígeno pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer e pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Sacos com ureia encontrados na casa de suspeito em Ibirubá
Foto: Fernando Goettems
Também participam da operação a Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Combate aos Crimes Contra a Ordem Tributária.
Os envolvidos na fraude do leite presos nesta manhã podem ser punidos, em caso de condenação, em até oito anos de prisão, conforme o advogado Aury Lopes Junior, professor universitário e doutor em Direito Penal.
O crime é enquadrado no artigo 272 do Código Penal, como "corromper, adulterar, falsificar ou alterar substância ou produto alimentício destinado a consumo, tornando-o nociva à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo".
Pelo lucro
Operação coíbe adulteração de leite no norte do RS
Estimativa é de que suspeitos tenham colocado substância cancerígena em mais de 100 milhões de litros de leite
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