A Marcha da Maconha transcorreu de maneira pacífica em Porto Alegre. A manifestação pela legalização da droga começou no Parque da Redenção às 16h30 e reuniu cerca de 5 mil pessoas. A polícia não acompanhou a caminhada, que terminou no Largo Zumbi dos Palmares, nem por isso foi esquecida pelos manifestantes e frequentemente era provocada."Ei, polícia, maconha é uma delícia", gritavam. Quando um ônibus da Brigada Militar passou pelo grupo, foi recebido com vaias.
Mas a polícia não foi o único alvo. Os participantes não pouparam críticas ao deputado Osmar Terra, autor da proposta da nova Lei Antidrogas. De acordo com o texto do projeto, o dependente químico pode ser internado para tratamento sem que ele ou o juiz autorize, é a chamada internação compulsória. Marcelo Ferreira é um dos organizadores da Marcha e vê a alteração na legislação como retrocesso, mas acredita na força das manifestações populares.
- A gente teve notícias tristes essa semana, com a aprovação do projeto pela Câmara, mas ao mesmo tempo a gente que muitos pedaços da lei foram alterados graças à pressão popular. E é isso que acontece hoje, aqui na rua. São pessoas que levam informação diferenciada pra sociedade, que vive repetindo o mesmo discurso de proibição, proibição essa que não faz nada alem de prejudicar mais ainda as pessoas que estão em classes sociais menos favorecidas, explica Marcelo.
Eram muitas - e criativas - as mensagens levadas pelas pessoas que participavam do protesto. Uma delas fazia alusão à Operação Leite Compensado, deflagrada pelo Ministério Público: "Crime é adulterar leite". Outra evocava a Presidente da República: "Dilma Rousseff, legaliza o beck" (cigarro de maconha). Faixa ainda trazia uma fina ironia para retomar o embate com a Igreja Católica: "O homem não pode proibir uma planta que DEUS criou".
O trânsito foi interrompido em dois momentos durante a manifestação, mas não causou transtornos, pelo contrário, a maioria dos motoristas parecia apoiar o protesto. A Marcha da Maconha é organizada pelo coletivo antiproibicionista Princípio Ativo. Eles lutam pela descriminalização da maconha e oferecem a proposta de repensar a política antidrogas vigente no Brasil. Neste ano, o tema da Marcha era "Maconha e Saúde", uma provocação do grupo, que incentiva a educação e responsabilidade no consumo de qualquer substância.