Não sei se estava certo, mas afirmei certa vez que esperança sempre tem quem está desesperado.
Ou seja, o desesperado, quer dizer, sem esperança, curiosamente é aquele a quem sempre resta uma esperança.
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A esperança por si sempre quer dizer que, ao que tudo indica, não tem chance de acontecer. Mas é a única chance do desesperado.
A esperança é, portanto, a tábua de salvação do desesperado.
Quando eu deparo com alguém que me diz que tem esperança de que algo lhe aconteça, sempre noto que em realidade não acredita muito em que isso lhe ocorra.
O ditado "a esperança é a última que morre" quase sempre quer dizer que é a primeira que vai morrer.
Quando alguém diz que "não tem nenhuma esperança" de que algo possa lhe acontecer, isso só tem um bom sinal: se isso vem a acontecer, quem for alvo vai ter uma explosão de alegria.
Enquanto que para quem não tem esperança de que algo lhe aconteça, curiosamente, se não acontecer, isso já era "esperado".
Fio de esperança quer dizer muito pouca esperança.
Já "bastante esperança" quer dizer que se espera algo que tem muita chance de acontecer. Caso não aconteça, a frustração sempre é maior do que a grande esperança.
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Eu falo nisso porque a esperança é vital para qualquer um. Quem não tem mais esperança, é porque está morto em vida.
Um homem só é digno de viver quando lhe resta alguma esperança.
E o mais trágico é quando resta a uma pessoa uma única esperança: a de morrer. Isso acontece principalmente com os doentes terminais ou com os condenados à pena perpétua ou ainda com os condenados a penas longas, que vão durar muitos anos e que já nem contam nos dedos quantos anos faltam para sair da prisão.
Eu só tenho uma esperança atual: é de que os meus leitores tenham achado algum significado nesta crônica de um colunista já quase sem nenhuma esperança.