A tragédia
O incêndio na boate Kiss, no centro de Santa Maria, começou entre 2h e 3h da madrugada de domingo, quando a banda Gurizada Fandangueira, uma das atrações da noite, teria usado efeitos pirotécnicos durante a apresentação. O fogo teria iniciado na espuma do isolamento acústico, no teto da casa noturna.
Sem conseguir sair do estabelcimento, mais de 200 jovens morreram e outros 100 ficaram feridos. Sobreviventes dizem que seguranças pediram comanda para liberar a saída, e portas teriam sido bloqueadas por alguns minutos por funcionários.
A tragédia, que teve repercussão internacional, é considera a maior da história do Rio Grande do Sul e o maior número de mortos nos útimos 50 anos no Brasil.
Veja onde aconteceu
A boate
Localizada na Rua Andradas, no centro da cidade da Região Central, a boate Kiss costumava sediar festas e shows para o público universitário da região. A casa noturna é distribuída em três ambientes - além da área principal, onde ficava o palco, tinha uma pista de dança e uma área vip. De acordo com o comando da Brigada Militar, a danceteria estava com o plano de prevenção de incêndios vencido desde agosto de 2012.
Clique na imagem abaixo para ver a boate antes e depois do incêndio A festa
Chamada de "Agromerados", a festa voltada para estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) começou às 23h de sábado. O evento era de acadêmicos dos cursos de Agronomia, Medicina Veterinária, Tecnologia de Alimentos, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia. Segundo informações do site da casa noturna, os ingressos custavam R$ 15 e as atrações eram as bandas "Gurizadas Fandangueira", "Pimenta e seus Comparsas", além dos DJs Bolinha, Sandro Cidade e Juliano Paim.
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O guitarrista Rodrigo Martins, da banda Gurizada Fandangueira, colocou em dúvida a hipótese de que o uso de um sputnik (sinalizador) durante o show do grupo tenha causado o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria.
Em entrevista à Rádio Gaúcha agora à tarde, Martins confirmou que estava no palco quando o fogo começou e lembrou que o grupo já havia usado sputniks em várias outras apresentações, sem problemas. Uma das vítimas do incêndio foi um dos integrantes do grupo, o gaiteiro Danilo Jaques.
Segundo Martins, o fogo teria começado por volta das 2h35min deste domingo, em torno de 20 minutos depois de o Gurizada Fandangueira ter começado seu show. Um assistente de palco teria acionado os sputniks - espécie de sinalizador que gera um efeito semelhante ao de faíscas que sobem do chão rumo ao teto.
Martins disse que, antes da abertura da casa foram feitos testes para verificar se as faíscas atingiriam o teto - segundo ele, as luzes alcançariam uma altura de cerca de 2m, enquanto o teto da pista teria cerca de 3m.
Depois de acionado o sinalizador, os músicos só perceberam que havia fogo no teto depois de alguns minutos, quando já estavam tocando outra música. Um extintor de incêndio foi acionado, mas não teria funcionado.
- Sempre usamos os sputniks, inclusive em lugares pequenos, e nunca deu problema. A gente não ia querer matar um companheiro - afirmou o músico, em mais de uma ocasião.
Também durante a entrevista, ele admitiu que talvez uma faísca do sinalizador tenha atingido o teto. Mas arriscou uma outra hipótese para o início do fogo:
- Pode ser um curto-circuito de fio. Tem muito fio ali (no teto).
Segundo ele, Danilo não conseguiu sair da boate durante a confusão que se seguiu ao aumento das chamas. Martins calcula que havia em torno de 1,2 mil pessoas dentro da casa na ocasião. O músico mora em Rosário do Sul, assim como o baterista Eliel de Lima. Os outros quatro integrantes moram em Santa Maria.
Imagem: Arte ZH