O mais recente filme do taiuanês Ang Lee, As aventuras de Pi, conta a história da mágica amizade entre um adolescente indiano e um tigre de Bengala que lutam para sobreviver. Baseado no best-seller de Yann Martel (2001), conta como Pi, 17 anos, depois de uma infância passada em Pondicherry (sul da Índia) embarca com sua família e os animais do zoológico que ela administra para o Canadá, onde uma nova vida os aguarda. Seu destino é completamente modificado com o naufrágio dramático do navio em pleno oceano.
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Único sobrevivente, ou quase, ele deve compartilhar seu bote salva-vidas com um tigre feroz que escapou do naufrágio, chamado Richard Parker. O jovem tenta adestrar o tigre para que ele não o mate. Da mesma maneira, na vida real, essa raça de felinos luta para sobreviver, uma vez que a caça ainda é a maior ameaça, com um aumento na demanda pelo tigre no mercado negro, particularmente no Leste da Ásia e especialmente na China, onde os ossos do animal são usados na medicina tradicional.
O grupo de defesa dos direitos dos animais Peta espera que o filme, que estreia em 21 de dezembro nos cinemas brasileiros, atraia a atenção do público sobre o alarmante declínio da população de tigres. As aventuras de Pi é uma obra de ficção, mas na vida real temos de reagir às ameaças contra os animais em seu habitat natural", considerou Manilal Valliyate, responsável pelas questões veterinárias do Peta-Índia.
A Índia é o lar de 1.706 tigres, de acordo com o último censo, quase a metade da população mundial. Mas em 1947, data da independência da Índia, não eram menos de 40 mil no país. Em um recente ataque registrado, no início de dezembro, os moradores indianos próximos da fronteira com Bangladesh agrediram até a morte um tigre perdido em Sundarbans, a maior floresta de manguezal do mundo.
Armados com pedaços de paus e remos, a multidão enfurecida espancou o animal que era suspeito de ter atacado um pescador. Apesar da queda do número de tigres e campanhas de sensibilização na Índia e em Bangladesh, os conflitos com os seres humanos muitas vezes acabam em tragédia.
- Quando um tigre é visto, a primeira reação é a de matá-lo - lamenta Gurmeet Sapal, um cineasta de filmes de vida selvagem que vive em Nova Delhi.
- O medo e o desejo de sobreviver são sentimentos tão poderosos que aniquilam qualquer outra emoção. O que ninguém percebe é que o tigre nunca ataca os homens, a menos que seja obrigado a fazê-lo - assegura.
Desde o início de 2012, a Índia registrou a morte de 58 tigres, de acordo com Tigernet, o site oficial da Autoridade Nacional para a Proteção dos felinos.
- Os locais apropriados para o tigre diminuíram rapidamente, porque nós cobiçado seus recursos. O predador precisa agora redobrar seus esforços para encontrar comida - analisa Mayukh Chatterjee, que trabalha na organização de proteção ambiental Wildlife Trust of India.
- Neste contexto, a pecuária e as pessoas tornam-se presa fácil para o tigre e isso inevitavelmente leva ao conflito - diz ele.
Segundo o diretor Gurmeet Sapal, é normal que as pessoas considerem o tigre como um animal perigoso, este julgamento é baseado no pouco conhecimento sobre o felino.
- Os tigres nunca matam para se divertir. Eles não armazenam carne no freezer, matam suas presas somente quando estão com fome.
- Se conseguirmos fazer as pessoas entenderem a importância do tigre em nossa cadeia alimentar e nosso ecossistema, nós ganharíamos a metade da batalha - acrescenta.
A outra metade, que é a de lutar contra os caçadores, pode ser vencida apenas com o monitoramento constante, disse Belinda Wright, diretora da Sociedade Protetora dos Animais na Índia.
- A tragédia é que os tigres valem mais mortos do que vivos - declarou à AFP.