Adorado pela crítica, mas nem sempre compreendido pelo público, o diretor Luiz Fernando Carvalho volta o olhar e as câmeras agora para o subúrbio do Rio de Janeiro, na série Suburbia, que estreia nesta quinta-feira, às 23h40min, na RBS TV.
A proposta do diretor foi dar um tom naturalista à produção, aproximando os personagens o máximo possível da realidade das comunidades cariocas, sem estereótipos. Atores do grupo teatral Nós do Morro, com sede na comunidade do Vidigal, integrantes do grupo de rap Panteras Negras e músicos do AfroReggae e do Afro Samba foram convocados para conferir ainda mais realismo ao subúrbio carioca retratado na série.
A produção, que está sendo divulgada como "Uma história de amor e drama social vivida em meio à rede de afetos que move a vida no subúrbio carioca", é centrada em Conceição (Débora Nascimento/Erika Januza), garota que foge do ambiente hostil e miserável dos fornos de carvão de Minas Gerais para tentar uma vida melhor no Rio de Janeiro. Mas, ao desembarcar no Aterro do Flamengo, percebe que a violência que conhecia na cidade natal apenas mudou de nome e forma nessa nova realidade.
Criada a partir das memórias de uma antiga empregada doméstica de Luiz Fernando Carvalho, Suburbia deverá ter um tratamento estético menos estilizado do que aquele visto em produções anteriores do diretor, como Hoje É Dia de Maria (2005) e A Pedra do Reino (2007). O tom deverá ser mais próximo de Cidade dos Homens, outra série com temática semelhante e que foi ao ar entre 2002 e 2005, com direção de Guel Arraes. Não à toa, ambas têm o escritor Paulo Lins (autor também de Cidade de Deus) como consultor e roteirista. Em entrevista, Lins anuncia Suburbia como um marco da TV brasileira.
- Sinto que poderemos ter uma inserção maior e com mais relevância do negro na TV - salienta Lins, para quem a série poderá abrir novos caminhos na teledramaturgia. - Apesar de estar em gestação há mais de 10 anos, Suburbia vem num momento em que o negro está bem valorizado na TV. Sem contar que é uma produção que trata a comunidade negra sem estereótipos, bem próxima da realidade. Essa foi uma das nossas maiores preocupações.
Essa busca por tintas realistas também foi decisiva na escolha do elenco. Para compor o cast do seriado, Carvalho procurou pessoas sem experiência em atuação, em seleções feitas no Rio e em Minas. A protagonista Erika Januza, por exemplo, era funcionária administrativa de uma escola e nunca havia trabalhado como atriz. Sua mãe na história é interpretada por Serafina Terezinha Pereira, a D. Fininha, uma benzedeira de Belo Horizonte. Entre os selecionados no Rio de Janeiro, está Ana Pérola, aprovada para o papel de Jéssica, rival de Conceição - ela é ex-gari e passista das escola de samba Mocidade e Império Serrano.
- Busco um atrito com o real, de tal modo que os telespectadores se sintam como se estivessem diante de histórias reais - afirma Carvalho, no material de divulgação de Suburbia.
Televisão
"Suburbia", seriado ambientado na periferia do Rio, é a nova produção de Luiz Fernando Carvalho
Diretor é o mesmo de "Hoje É Dia de Maria" e "A Pedra do Reino"
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