Apesar de ter melhorado seu percentual de investimento na educação em 2011, o Rio Grande do Sul segue em último no ranking dos Estados que mais depositaram dinheiro no setor desde 2005.
Ao ligar a situação financeira ao fraco Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do ensino gaúcho, a conclusão mais óbvia seria de que quanto menos investimento, pior a educação, só que especialistas afirmam: até há relação entre os dois critérios, mas a maior influência no resultado final vem da gestão.
De nada adianta ter dinheiro e investir mal. Essa é a conclusão dos especialistas. Se tomarmos como guia o ranking do Ideb e o gasto por alunos, Estados campeões no desempenho escolar, como Santa Catarina e Minas Gerais, têm investido valores aproximados aos que o governo gaúcho desloca, de acordo com dados do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (Siope).
Em 2011, o Rio Grande do Sul aplicou R$ 4.460,61, um pouco a mais do que mineiros (R$ 3.953,35) e catarinenses (R$ 3.526,17).
No Ideb, as diferenças são grandes. Santa Catarina ficou em primeiro no ranking de 2011 nos anos finais do Ensino Fundamental, segundo nos anos iniciais e primeiro no Ensino Médio. Minas Gerais foi primeiro nos anos iniciais do Ensino Fundamental, terceiro nos anos finais e quarto no Ensino Médio.
As classificações do Rio Grande do Sul foram 10º nos anos iniciais, 12º nos anos finais e oitavo no Ensino Médio.
Importante ficar atento aos problemas de gestão
Em Estados ou municípios onde há investimentos suficientes e resultados aquém dos esperados, pode haver problemas de gestão. O entendimento é do professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Francisco Soares, especialista em avaliação, que usa como exemplo a capital gaúcha.
Porto Alegre teve um investimento de R$ 11.603,22 por aluno em 2011, valor considerado alto. No Ideb do Ensino Fundamental, a capital gaúcha não alcançou a meta nos anos iniciais (em vez de 4,5 pontos, atingiu 4,4) nem nos anos finais (fez 3,6, quando era para chegar a 3,7).
- A rede municipal tem gasto por aluno aproximado ao de escolas particulares. Eu esperaria que não tivesse aluno não aprendendo. Será que não está na hora de exigir mais (dos gestores)? - questiona.
A secretária de Educação de Porto Alegre, Cleci Maria Jurach, concorda que os resultados da rede municipal poderiam ter sido melhores. Nos próximos dias, no entanto, haverá uma reunião com diretores e coordenadores pedagógicos sobre os números do Ideb .
O objetivo é analisar a situação e, se forem constatados problemas de gestão, preparar uma intervenção.
A Secretaria Estadual da Educação foi contatada ontem pela reportagem da Zero Hora, mas não conseguiu destacar ninguém para responder sobre os investimentos e a relação com gestão e o Ideb.
Ensino no RS
Maior influência nos resultados finais da educação vem da gestão pública, dizem especialistas
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