Thauane Eduarda Theisen, de 11 anos, escreveu uma carta com destinatário anônimo. No conteúdo, descreveu um dos seus livros preferidos, sobre dicas e cuidados para a convivência perfeita com os cães. Em troca, recebeu a sugestão de ler a obra João esperto leva o presente certo.
A garota faz parte de um grupo de cerca de cem alunos de Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, que participou do projeto de troca de dicas de leitura entre duas escolas. A ideia de trocar cartas com as sugestões foi proposta pela organização da 25ª Feira do Livro de Santa Cruz do Sul, que começa no próximo dia 25.
- Eu indiquei o livro que comprei na Feira do Livro do ano passado porque gostei muito dele. Agora não vejo a hora de ler esse que me sugeriram. Vou ver se tem na biblioteca da escola ou vou comprar na feira - contou Thauane.
A proposta de trocar dicas em forma de carta busca, ainda, estimular a leitura por meio do contato entre estudantes. A ideia foi adotada em homenagem ao livro O carteiro e o poeta, o mais famoso do patrono do evento, Antônio Skármeta.
Com isso, os cinco quilômetros de distância entre a Escola Estadual de Ensino Fundamental Bruno Agnes e a Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor José da Ferrugem ficou reduzida ao alcance de uma folha, fazendo jus ao tema da feira deste ano: "Ler aproxima".
- Em vez de um professor ou um bibliotecário sugerir um livro, as crianças vão ter acesso a títulos que outros estudantes, da mesma idade delas, já leram e gostaram. Tem mais chance de dar certo - explica Yaskara Ferreira, assessora de imprensa do Sesc e uma das idealizadoras do projeto.
O brilho nos olhos e a excitação em forma de burburinho na sala do 5º ano da Escola Bruno Agnes eram a prova de que a proposta havia dado certo. Os estudantes, que receberam as cartas ontem, rasgaram ávidos os envelopes e sorriram ao terminar de lerem as cartas. Aos cochichos com os colegas ao lado, em momentos diversos, só havia um desejo: ler.
- Adorei a dica que recebi, o livro As maçãs de ouro. O que mais gosto de ler é mistério e aventura e, pelo que o meu amigo contou na carta, é isso que tem nesse livro. Vou ler com certeza! - contou animado Ryan Eduardo Machado Vidal, de 10 anos.
A 25ª edição da Feira do Livro de Santa Cruz do Sul ocorre de 25 de agosto a 2 de setembro, na Praça Getúlio Vargas. A escritora homenageada do evento vai ser Valesca de Assis, que nasceu no município.
Algumas dicas de leitura trocadas entre estudantes
- A casa sinistra da vovó sinistra, de Luh Raupp. O livro recria um mundo mágico na casa da vovó, que nem é tão sinistra quanto seus netos. Aventura e desafio é o que não falta neste livro.
- O pequeno príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. É a estória de um príncipe que vivia em um pequeno planeta e faz uma viagem por vários outros planetas, incluindo a Terra. Nas andanças, faz uma série de descobertas, inclusive a importância dos amigos e do amor.
- João esperto leva o presente certo, de Candace Fleming. O livro traz a história de João, um menino pobre que recebe um convite para comparecer à festa de aniversário de 10 anos da princesa do reino. Sem dinheiro para comprar um presente, ele tem uma grande ideia. Mas até conseguir colocá-la em prática...
- As três maçãs de ouro, de Nathaniel Hawthorne. É a história da busca do herói Hércules, da mitologia grega, pelas maçãs de ouro que cresciam no jardim de Hespérides, enfrentando diversos obstáculos como o Velho do Mar e o gigante Atlas.
Quem é Antônio Skármeta?
O patrono da Feira é o escritor chileno Antônio Skármeta. Graduado em filosofia e literatura, romancista, dramaturgo, diretor e roteirista cinematográfico e de TV, é considerado um dos principais escritores contemporâneos. Seus romances e contos já foram traduzidos para mais de 25 idiomas e são reeditados permanentemente.
Seu livro mais famoso, O carteiro e o poeta, que também fez sucesso no cinema, tem como cenário o refúgio de Pablo Neruda em Ilha Negra, no Chile. Nele, Skármeta narra a amizade do carteiro Mario Jiménez com o poeta, e como nasce a admiração pelas poesias e a cumplicidade entre os dois, até a morte de Neruda.
