Um homem faca-na-bota, um trovador irreverente e um artista sensível, precursor do cancioneiro regionalista.
Todas essas definições encontram lugar no inventário de motivos que levaram Ernesto Fagundes a gravar Histórias de Gildo de Freitas, disco em homenagem ao rei dos trovadores lançado na última terça-feira, em Porto Alegre.
Tudo no disco - do lançamento no 19 de junho em que Gildo completaria 93 anos à curadoria musical de Dona Carminha, sua viúva - foi feito para corresponder ao legado de um artista que Ernesto define como verdadeiro, simples e ligado ao povo. Antes de ir para as lojas, o trabalho está disponível em venda casada com o Diário Gaúcho - paga-se o valor do jornal mais R$ 8,90.
No repertório, estão apenas canções consideradas marcantes e compostas exclusivamente pelo repentista. As exceções têm títulos que dizem o que é preciso sobre o motivo de sua inclusão: O Rei dos Trovadores e Invernada das Trovas. A primeira é uma parceria de Ernesto com o tio Nico Fagundes; a segunda, um desafio à trovadora Tetê Carvalho.
- Só trovo com ela em CD - diverte-se Ernesto. - Eu sou apaixonado pela trova, mas sou um mero admirador.
Além de revelar o talento de Gildo para as rimas improvisadas e seu amor por Alegrete - embora nascido na Capital, ele se dizia alegretense de coração -, Histórias de Gildo de Freitas mostra a variedade de ritmos na obra do cantor.
- Lembrança do Passado é uma vanera, Percorrendo o Rio Grande é uma milonga bonita, Laranjeira é um xote, Saudade do Alegrete é uma marchinha que ganhou um estilo country folk na nossa levada - comenta Fagundes.
No disco, Ernesto canta e toca o bombo leguero, acompanhado do violonista Paulinho Fagundes, do gaiteiro Luciano Maia e das participações vocais de Luciana e Magdinha, Bagre Fagundes e Tetê Carvalho. Em setembro, o músico pretende fazer um show de lançamento no CTG que leva o nome de Gildo, em Porto Alegre. Ele vai dividir o palco com outros músicos, garantindo uma grande festa em que espera a presença das família Freitas e Fagundes - e de uma gauchada das boas.
- O Gildo apresentava comícios do Getúlio. Depois, trabalhou na fazenda do Jango. O Brizola era apaixonado por ele. E esses caras gostavam e o chamavam porque era um artista do povo - diz Fagundes.
SERVIÇO
HISTÓRIAS DE GILDO DE FREITAS
Ernesto Fagundes
Regionalista,
12 faixas, R$ 8,90 na compra do jornal Diário Gaúcho, até o dia 2 de julho.
Depois, chegará às lojas (ainda sem data definida).