Com bancos de sobra para as pessoas sentarem e grama em abundância para os cães brincarem, o Parque Farroupilha (Redenção), à noite, não lembra em nada a agitação das tardes ensolaradas. Para incentivar o uso do local pela população também sob a luz da lua, o projeto PortoAlegre.cc realiza nesta sexta-feira um encontro em um dos mais conhecidos pontos turísticos da Capital.
A intenção da causa denominada Serenata Redenção Iluminada é chamar atenção das autoridades para um cuidado maior com a iluminação e a segurança na Redenção. A partir das 19h30min, qualquer pessoa que quiser poderá participar. Para fazer jus ao nome do encontro, a organização convida as pessoas a levarem algum objeto com luz, como lanterna ou celular, e instrumento musical para animar a ação. A ideia surgiu em uma reunião do grupo PortoAlegre.cc e foi sugerida pela arquiteta e vizinha da Redenção Renata Beck, 28 anos.
- Acontece um monte de coisa durante o dia no parque, mas durante a noite é perigoso, falta iluminação e polícia para encorajar o pessoal a usá-lo. Um lugar público se torna seguro quando tem gente frequentando - comenta Renata.
O encontro, que teve grande adesão pela internet, partirá do Monumento ao Expedicionário para uma caminhada, ao som de música, no próprio parque. Aproveitar o espaço também à noite, para fazer exercícios e tomar chimarrão, é um dos desejos da designer Daniela Furlan, 38 anos, voluntária do projeto.
- Tralhamos o dia inteiro, por que temos de aproveitar a Redenção só no fim de semana? - instiga Daniela, avisando que a ação poderá se estender para outros parques da cidade.
Insegurança afasta população do local
Há quase um ano, a reportagem de Zero Hora mostrou que quatro parques da Capital, entre eles a Redenção, viraram pontos para o consumo de drogas, prática de crimes e sexo. Atualmente, apesar de ter iluminação forte nas extremidades e no caminho central, é nas partes laterais da Redenção que o breu predomina. Nessas áreas, circulam pessoas com olhares e passos desconfiados, nem um pouco convidativos. O local continua sendo um ponto de encontro para o consumo de drogas e oferta de programas sexuais.
Para o mestrando da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Maciel Alencar Bruxel, 26 anos, que passa de segunda a sexta-feira pelo meio do parque após as aulas, o lugar precisa de mais policiamento. Mesmo em uma noite de temperatura agradável, ele chega a suar por causa do pique acelerado da caminhada. O administrador Gabriel Saute, 27 anos, passeia com o cachorro apenas pelo contorno do parque. Ele desistiu de se aventurar entre a escuridão das árvores.
- Existe um senso comum de que a Redenção é um lugar perigoso à noite, o que não deixa de ser verdade. Em função de ser um lugar escuro, com venda de drogas e atitudes das mais diversas - relata.
O comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), major Jorge Maia, reconhece que os públicos diferem bastante entre o dia e a noite e afirma que, atualmente, quem frequenta o local quando o sol baixa não faz questão da presença da polícia.
- Fazemos rondas com motos e carros, mas o efetivo acompanha a população. Se ela quiser usar mais o parque também à noite, podemos reforçar nossa presença - explica.