Após a operação que resultou na saída dos integrantes do Movimentos dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) da área onde funciona o Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), em Sarandi, no Norte, a Polícia Federal (PF) e a Superintendência do Ministério da Agricultura no RS fazem uma vistoria para apontar os estragos no local.
Logo na chegada, eles verificaram danos nas casas de funcionários que cuidavam da fazenda. Portas quebradas, fechaduras arrombadas e muita bagunça e sujeira foram encontradas nas residências, que foram vasculhadas pelos manifestantes. Carros pichados e danificados também estavam no cenário que os agentes encontraram ao entrar na propriedade. Mensagens contra o trabalho do laboratório também foram encontradas nas paredes.
A maior preocupação do Ministério era com os animais, que já passaram por uma verificação na manhã desta quarta-feira. As primeiras constatações dão conta de que pelo menos três bovinos teriam sido abatidos e enterrados, mas ainda haverá uma contagem para verificar quantas das 757 cabeças de gado que existiam no local antes da invasão foram perdidas.
Haverá uma avaliação para apurar se houve lesões aos animais, que estão sendo tratados e recebendo alimentação. Pelo menos quatro lotes de animais teriam sido misturados pelos manifestantes. A contagem dos animais e a verificação dos prejuízos deverá levar um ou mais dias.
O coordenador do Lanagro Aguinaldo Perussolo afirmou que a produção de vacinas para a campanha que inicia em maio não foi afetada, pois os testes já haviam sido feitos. A preocupação é com a próxima campanha, mas ainda é necessária uma avaliação do número de animais feridos ou abatidos para determinar a extensão dos prejuízos para a pesquisa.
O superintendente do Ministério da Agricultura no RS, Francisco Signor, acompanhou a operação em Sarandi e declarou que alternativas para reforçar a segurança no local estão sendo estudadas, porém observa que, mesmo com policiamento, é difícil conter um grande número de pessoas (cerca de 300 manifestantes participaram da invasão). Ele ainda espera que os trabalhos sejam retomados normalmente e que a credibilidade do rebanho brasileiro não seja abalada, principalmente no Exterior.
A Polícia Federal fará uma perícia no local e elaborará um laudo técnico com todos os prejuízos. As informações serão acrescentadas ao inquérito que investiga a invasão da fazenda. De acordo com o delegado da PF Celso André Nenê Santos, cerca de 120 manifestantes foram identificados e vão responder aos crimes de invasão, dano ao patrimônio público e lesão corporal. Desses, três deverão responder por tentativa de homicídio contra um funcionário terceirizado, que teria sido recebido com tiros ao chegar na fazenda na segunda-feira à tarde.
Segundo o delegado, três disparos foram efetuados contra o homem, e as armas usadas no ataque seriam uma espingarda calibre 12, um revólver calibre 38 e uma pistola. Santos considera que a operação foi um sucesso e revela que no início das negociações houve resistência dos integrantes do MST, mas eles acabaram aceitando porque seriam forçados a sair caso não houvesse uma solução pacífica. Uma equipe da Brigada Militar ficará no local para impedir que os manifestantes voltem à fazenda.
Avaliação dos prejuízos
Vistoria levanta danos em laboratório invadido pelo MST em Sarandi
Portas quebradas, fechaduras arrombadas, paredes pichadas e muita bagunça e sujeira fazem parte do cenário encontrado no local
Leandro Becker
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