Com 16 minutos de atraso, finalmente chegou ao fim a novela entre o Inter e a construtora Andrade Gutierrez para a assinatura do contrato para o reinício das obras de reforma do Estádio Beira-Rio - que sediará cinco jogos da Copa do Mundo 2014.
Visivelmente emocionado, às 11h16min o presidente do Inter Giovanni Luigi disse que é preciso esquecer a relação desgastada com a qual o clube, a empresa e o Estado conviveram nos últimos meses para pensar apenas no futuro.
- Nos últimos dias tem se preocupado muito com o casamento entre o Internacional e a Andrade Gutierrez. Nossa relação foi discutida nos últimos meses. Isso é importante para saber que temos um contrato detalhado. Olhamos para o futuro, não vamos ficar olhando para trás - afirmou o dirigente.
Galeria: Inter e Andrade Gutierrez assinam contrato no Beira-Rio
Luigi também falou sobre a pressão que enfrentou em meio às negociações com a construtora, destacando as dificuldades devido ao Inter ser "um dos maiores clubes de futebol do mundo".
- Estou presidente. Esse é um clube sem donos e assim será eternamente. Finalizando, falo com o torcedor. Reformaremos o Beira-Rio para a Copa de 2014. Somos o único clube do mundo a sediar duas copas em dois estádios particulares. A Copa de novo é nossa. E isso nos orgulha muito. Mas o que mais nos orgulha é saber que essas reformas darão mais conforto ao nosso torcedor - ressaltou.
Após os ex-jogadores e ídolos colorados Fernandão, Dorinho, Caçapava, Valdomiro e Claudiomiro serem citados, a palavra foi repassada para o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio de Azevedo, que enalteceu o presidente colorado:
- Luigi é o protagonista desse momento. Conduziu com dignidade e competência essa negociação. É, às vezes, duro na queda, mas um grande dirigente. Obrigado, grande torcida colorada - declarou.
Confira como funcionará a parceria que vai tirar do papel a reforma do Beira-Rio:
O lucro
A oposição aposta que as duas décadas de exploração do estádio darão à AG um lucro de R$ 1 bilhão. A gestão do clube não confirma este valor. A direção do Inter acredita que o clube arrecadará até R$ 400 milhões com as melhorias do Beira-Rio nos próximos 20 anos.
Retomada a jato
Um grupo de engenheiros da AG já trabalha, desde dezembro, no levantamento sobre as necessidades da obra. Cerca de mil operários devem ser envolvidos. A arquibancada social, hoje em parte demolida, deve ser contemplada na primeira etapa da reforma. Em um estágio mais avançado, a empreiteira aumentará o número de operários para aproximadamente 2,5 mil. A previsão de conclusão da reforma é dezembro de 2013.
A contrapartida do Inter
Para ter o estádio reformado para a Copa do Mundo, o Inter dá como contrapartida R$ 26 milhões, dinheiro da venda do Estádio dos Eucaliptos, e reembolsará a Andrade Gutierrez em R$ 8 milhões, relativos a camarotes e suítes já comercializados, e que por contrato agora são de exploração da construtora. Na contrapartida do Inter estão incluídos os R$ 14 milhões já investidos pelo clube nas fundações da cobertura, instaladas quando o Inter ainda tocava as obras com recursos próprios.
Uso do estádio
A partir da união com a Andrade Gutierrez, o Inter passará a dividir com a construtora as datas de utilização do estádio. A prioridade será para os jogos oficiais do Inter, depois, datas de possíveis amistosos do clube e datas para eventos da AG (como shows, por exemplo).
O novo CT
A partir da reforma, o Inter raras vezes treinará no Beira-Rio. Ainda não há local definido para o centro de treinamentos. Inter e Andrade Gutierrez precisarão captar investidores, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte (porque envolve categorias de base), para erguer o CT. Não há sequer prazo para que se inicie a busca por recursos. Gravataí e Lami são áreas analisadas.
Os direitos da AG
Durante 20 anos, a Andrade Gutierrez, por meio da Sociedade de Propósito Específico, terá direito a explorar todas as novas áreas criadas no estádio: camarotes, suítes, cadeiras vips e sky boxes, restaurantes, lojas e o edifício-garagem com 3 mil vagas. A publicidade estática (menos as placas ao redor do gramado) ficará com a AG. A construtora terá direito aos naming rights, caso o Beira-Rio receba o nome de uma empresa.