- Não preocupa!
Assim, curto, direto, o médico e fisiologista do Inter, Luiz Crescente, definiu o grau de preocupação do Inter com os 2,1 mil metros de altitude de Manizales. Crescente entende do assunto. Pesquisou, estudou e ensina o tema para seus alunos na Ulbra.
Conforme o médico, a partir de 1,5 mil metros de altitude surgem reações. Mas até 2,6 mil metros ela é insuficiente para provocar grandes alterações na performance de atletas. O prejuízo fica na casa de 10%.
- Segundo estudos, até 2,4 mil metros de altitude, a perda é de 5%. Como o Inter jogará na faixa dos 2 mil metros em Manizales, não será a altitude que influenciará no nosso rendimento - avisa Crescente.
Nem mesmo o pouco tempo de pré-temporada poderá afetar o Inter em Manizales. A desvantagem ficaria nos mesmos 5%.
A altitude danosa, explica o médico, é a que enfrentou o Flamengo na quarta-feira. Os cariocas perderam por 2 a 1 para o Real Potosí, nas alturas de 4 mil metros. Em um estágio desses, os atletas perdem até 35% da capacidade física. Crescente usa um exemplo simples para quantificar a perda de fôlego:
- Imagina dividir os pulmões em quatro partes e usar apenas três. Foi como o Flamengo atuou na Bolívia.
No Rio, porém, a comissão técnica refutou os efeitos da altitude e atribuiu a derrota às falhas da zaga. É bem verdade que o Flamengo cumpriu oito dias de pré-temporada no alto dos 2,8 mil metros da outra cidade boliviana de Sucre.
A favor do Inter conta também o histórico do time. No ano passado, esse mesmo grupo esteve em Cochabamba na última Libertadores. A 2,4 mil metros de altura enfiou 4 a 1 no Jorge Wilsterman. Nenhum jogador acusou problemas médicos, como tontura, falta de ar ou mal-estar. A única medida foi uma prosaica bacia de água em cada quarto da delegação. No ar rarefeito, a umidade é menor e provoca ressecamento.
Crescente só se preocupa com a secura do ar como a única ressalva em Manizales.
A nutricionista do clube viajará com a delegação para elaborar um cardápio mais leve. Também será recomendada hidratação máxima dos jogadores. Em campo, o cuidado será com a bola, que se torna mais leve e rápida. Mas também ela, atesta a comissão técnica do Beira-Rio, a 2,1 mil metros de altitude ela sofre pouquíssimas variações. Não se transforma em "Jabulani".