Com o afastamento de dois delegados da investigação sobre as mortes desta quarta-feira em Gravataí, a Corregedoria Geral da Polícia Civil (Cogepol) assume a apuração. Quatro inquéritos foram abertos: um sobre a morte do sargento Ariel da Silva, 40 anos, outro sobre a morte do refém Lírio Persch, 50 anos, um sobre a possibilidade de prevaricação, já que os policiais paranaenses foram liberados pela polícia gaúcha após o incidente, e o quarto sobre o desfecho do sequestro.
- Nós temos quatro fatos que serão apurados pela Delegacia de Crimes Especiais. Eles ocorreram em sequência, mas são autônomos. Ocorreram em momentos diversos e serão objetos da nossa investigação. Especificamente sobre a morte do refém, vamos ouvir o sobrevivente, que é testemunha-chave nesta abordagem ao local de cativeiro - explicou o titular da Cogepol, Paulo Rogério Grillo.
O delegado da Corregedoria também comentou o afastamento dos colegas do caso.
- Havia policiais civis (no momento da abordagem) e me parece que também tinham policiais militares. Mas não há dúvidas de que entre os delegados que estavam no local estão o Roland Short e o Leonel Carivalli, que foram afastados. Havia um inconformismo do Ministério Público, considerando que não era certo eles participarem da investigação - disse o delegado Grillo - Eles foram afastados da investigação. Por enquanto, não há afastamento das funções - concluiu.
O subprocurador-geral de Justiça para assuntos institucionais do MP-RS, Marcelo Dornelles, foi para Gravataí pegar testemunhos e ficou satisfeito com o encaminhamento dado ao caso.
- Atingiu a nossa expectativa. Não seria correto os delegados seguirem investigando, já que participaram da ação - resumiu.
Outra informação importante divulgada nesta quinta-feira em Gravataí é que os policiais paranaenses, envolvidos na morte do sargento Ariel da Silva, e que estão com a prisão temporária decretada, se apresentarão na segunda-feira pela manhã à Corregedoria da Polícia Civil do RS para prestarem depoimentos.
Nesta quinta, se antecipando ao pedido do MP-RS, o chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, delegado Ranolfo Vieira Júnior, afastou das investigações os delegados envolvidos no incidente que resultou na morte de refém nesta quarta em Gravataí.
Foram afastados o delegado Leonel Carivali, titular da 1ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (DPRM), que tem sede em Gravataí, e o delegado Roland Short, que é titular da 2ª Delegacia de Polícia (DP) de Gravataí.
Há desconfiança de que não tenha ocorrido exatamente um tiroteio, e que só a polícia tenha efetuado disparos. Pelos indícios de imprudência e precipitação, os dois delegados envolvidos serão chamados para darem explicações.
O incidente que resultou na morte do refém ocorreu num sobrado da Rua Doutor Luiz Bastos do Prado, atrás da Câmara de Vereadores de Gravataí, no Centro. Três sequestradores (dois gaúchos e um paranaense) acabaram presos, com armas e toucas.
O delegado Carivalli teria admitido que atirou duas vezes contra o carro onde estavam bandidos e refém.
A PC divulgou nota sobre o caso:
"Na manhã de hoje, o Chefe da Polícia Civil, Del. Ranolfo Vieira Júnior, avocou os Inquéritos Policiais iniciados a partir das ocorrências de números 3407/2011/100404 e 3419/2011/100404 que apuram, respectivamente, a morte do policial militar Ariel da Silva e a extorsão mediante sequestro com resultado morte de Lírio Darcy Persch, repassando os casos à Corregedoria Geral da Polícia Civil.
Foi designado para presidir ambos procedimentos o Delegado de Polícia Paulo Rogério Grillo, titular da DFE/COGEPOL.
Afora isso, dentro dos critérios de transparência com que costuma atuar a Polícia Civil gaúcha, o Chefe de Polícia oficiou ao Procurador Geral de Justiça, Dr. Eduardo de Lima Veiga, solicitando a designação de um Promotor de Justiça para acompanhar as investigações."