A proposta do ministro da Educação de acoplar o Ensino Técnico ao Ensino Médio, como forma de ampliar o tempo em sala de aula e oferecer uma profissão a quem não chega à faculdade, foi aplaudida por especialistas. O desafio maior, no entanto, é dotar a rede de ensino de mais professores e equipar as escolas para transformar o projeto em realidade.
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Ao anunciar a meta de implantar o Ensino Médio em tempo integral aliado ao Ensino Técnico, o Ministério da Educação agradou especialistas, mas causou expectativa pela complexidade de aplicação da proposta.
A ideia de o aluno cursar o Ensino Médio em um turno e fazer o técnico em outro requer formação de professores, parcerias com governos e prefeituras e altos investimentos em infraestrutura nas escolas.
Mantido no cargo, o ministro Fernando Haddad afirmou na quarta-feira, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, que apresentou o projeto à presidente Dilma Rousseff e que ela deu sinal verde para o encaminhamento da proposta à equipe econômica. Na avaliação do ministro, apesar da ampliação do número de escolas técnicas federais no governo Lula, houve no período pequeno avanço na integração do Ensino Médio com o Técnico:
- O Ensino Médio precisa de uma injeção de ânimo muito forte - afirmou à Rádio Gaúcha.
Não há definição de custo estimado nem como seria a aplicação da medida. Haddad disse que, além das 354 escolas técnicas federais, poderiam participar do projeto 500 escolas do Sistema S (Senac, Senai, Sesc etc) e 500 do programa Brasil Profissionalizado (200 a serem criadas). A carga horária complementar seria composta por disciplinas relacionadas ao curso escolhido mais atividades de esporte e cultura.
O Ensino Técnico é restrito no país devido à falta de vagas para todos os interessados. Enquanto 8,3 milhões cursam o Ensino Médio, apenas 861 mil (10,3%) fazem o profissionalizante. Dos que estão no nível técnico, 60% só começaram depois de terminar o Ensino Médio.
O projeto
- O MEC quer implantar o Ensino Médio em tempo integral
- A ideia é que o aluno curse o Ensino Médio em um turno e faça o curso técnico em outro
- As duas modalidades poderiam ser cursadas na mesma escola ou em duas instituições
- Além das escolas técnicas federais, poderiam participar 500 escolas do Sistema S (Senac, Senai, Sesc etc) e 500 do programa Brasil Profissionalizado (200 a serem criadas)
- O Brasil tem 354 escolas técnicas federais, com 348 mil matrículas. A meta é inaugurar mais 46 até o fim do ano
- Até o fim do ano que vem, o número de matrículas deve saltar para 600 mil
COMO É HOJE
- O Ensino Técnico é restrito. Enquanto 8,3 milhões cursam o Ensino Médio, apenas 861 mil fazem o profissionalizante, o equivalente a 10,3%
- Nos últimos oito anos, no governo Lula, foram investidos R$ 979 milhões na expansão da rede de Ensino Técnico, o que resultou no aumento de 140 para 354 escolas técnicas
- Quando consegue chegar a essa modalidade de ensino, a maioria dos alunos só faz o curso técnico após concluir o Ensino Médio
- Do total de 861 mil alunos do Ensino Profissionalizante, 60% só começaram depois de terminar o Ensino Médio
- Nas escolas particulares, a medida proposta pelo MEC já é aplicada. Os alunos podem fazer o Ensino Médio em um turno e o Técnico em outro, se optarem por essa possibilidade