A empresa contratada para fazer a segurança na boate Roseplace, local onde se iniciou o tumulto que culminou na morte do universitário Wagner Boeira Cardoso, 26 anos, na madrugada de domingo, na Capital, seria gerenciada por policiais militares.
A Polícia Civil investiga o chamado "bico organizado" dos PMs, uma atividade ilegal. O gerente seria um dos PMs suspeitos de participar do crime, o soldado Diovani Pontes Bernardo, 39 anos. Lotado no 9° Batalhão de Polícia Militar (9°BPM), Bernardo chegou a ser detido, mas acabou solto. Ele foi afastado do policiamento e colocado para executar atividades administrativa na corporação.
O delegado responsável pelo caso, Arthur Raldi, apura a ligação do soldado com a empresa, que teria o nome da mulher do PM. Colegas do 9°BPM relataram que sabiam que ele e o soldado Thiago de Lima Garcia Vieira, autor do disparo que matou o estudante, trabalhavam como segurança nas horas de folga. Vieira, que usou armamento da BM para matar Cardoso, está preso. Zero Hora tentou contato com Bernardo, mas não o localizou.
A empresa não estaria regularizada, pois não aparece na lista do Grupamento de Supervisão de Vigilância e Guardas (GSVG), órgão da Brigada Militar que fiscaliza os serviços de vigilância armada e desarmada, monitoramento de câmaras, portarias e zeladoria.
- As casas noturnas precisam contratar empresas regularizadas, com profissionais cadastrados. Policiais da ativa são impedidos de exercer essa função. Não podem, e os donos de boate sabem disso - afirma o tenente-coronel Erlo Pitroski, comandante do GSVG.
Segundo o advogado do Roseplace, Marcelo Beck, o proprietário da casa noturna não se envolvia na escolha dos profissionais contratados pela empresa.
- Eles controlavam entrada e saída das pessoas, além de evitar confusões dentro do estabelecimento. A condição do contrato foi que eles garantiriam a integridade física dos clientes e não usariam nenhuma arma. O fato ocorreu fora da boate - afirmou o advogado.
Soldado envolvido em assassinato depôs no Caso Becker
O soldado Thiago de Lima Garcia Vieira foi ouvido pelo delegado Rodrigo Bozzetto durante as investigações do Caso Becker. Bozzetto disse que o PM prestou depoimento durante a investigação sobre a morte do médico Marco Antonio Becker, ocorrida em 2008, assim como outros policiais também foram ouvidos. Qualquer participação de Vieira no crime foi descartada pela Polícia Civil.
Polícia investiga "bico" organizado de Policiais Militares
Empresa de segurança de boate envolvida no assassinato de universitário seria gerenciada por integrantes da Brigada Militar
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