Paris viu a consolidação do Brasil como uma das maiores potências paralímpicas do mundo. Em 2024, o país escreveu mais uma vez seu nome na história dos Jogos Paralímpicos, desta vez alcançando o inédito quinto lugar no quadro de medalhas.
Neste domingo (8), o país finalizou sua melhor campanha nas Paralimpíadas, com 89 medalhas — superando a marca de 2021, quando chegou a 72 medalhas em Tóquio.
Na França foram 25 ouros, 26 pratas e 38 de bronzes. A meta do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) era de conquistar de 70 a 90 pódios e terminar no top 8 do quadro de medalhas. Portanto, o quinto posto ficou acima das expectativas.
Os destaques da campanha brasileira
Com 280 atletas (255 esportistas com deficiência, 19 atletas-guia, três calheiros da bocha, dois goleiros do futebol de cegos e um timoneiro do remo), esta foi a maior delegação brasileira em Paralimpíada em uma edição fora do Brasil, superando os 259 convocados dos Jogos do Japão.
Em Paris, mais do que as marcas expressivas, as competições consolidaram nomes que já eram icônicos para o esporte brasileiro como verdadeiras lendas. É o caso da nadadora Carol Santiago, que se tornou a maior medalhista de ouro brasileira da história dos Jogos Paralímpicos.
Campeã nos 100m costas e nos 100m livre na categoria S12 — destinada a atletas com deficiência visual pequena, mas significativa — e nos 50m livre da S13 — para casos de deficiência visual menos severa dentro da classificação, ela ainda faturou prata nos 100m peito (SB12) e no revezamento 4x100m livre misto.
Junto ao desempenho já histórico que havia apresentado nos Jogos de Tóquio, em 2021, a pernambucana de 39 anos tem agora 10 medalhas paralímpicas. São seis ouros, três pratas e um bronze, que a tornam a quinta na lista de representantes do Brasil com mais pódios, atrás de Daniel Dias (27), André Brasil (14), Clodoaldo Silva (14) e Ádria Santos (13).
Sucesso na natação
A natação brasileira, de forma geral, trouxe muitas alegrias e rendeu 26 medalhas. Além de Carol, o Brasil teve grande destaque com Gabriel Araújo, vencedor de três medalhas de ouro (100m costas, 50m costas e 200m livre), todos na classe S2, para nadadores com falta de coordenação motora de alto grau no tronco, nas pernas e nas mãos, e de baixo grau nos braços.
Com o desempenho, Gabrielzinho bateu a marca de seis medalhas paralímpicas, pois já havia conquistado dois ouros e uma prata nos Jogos de Tóquio, há três anos. Outro nadador brasileiro que subiu no primeiro lugar do pódio foi Talisson Glock, campeão dos 400m livre S6.
Atletismo, a fonte de medalhas
Apesar do sucesso da natação, a principal fonte de medalhas do Brasil foi o atletismo, que teve 36 pódios de atletas brasileiros, dos quais 10 subiram no primeiro lugar. Estrela paralímpica, Petrúcio Ferreira foi ouro nos 100m T47 e celebrou a sexta medalha da carreira. Ele já tinha um ouro e duas pratas conquistadas no Rio-2016, além de um ouro e um bronze nos Jogos de Tóquio.
Uma das grandes estrelas brasileiras em Paris foi Jerusa Geber, de 42 anos, que foi ouro nos 100m e nos 200m da classe T11. Foi a primeira vez que ela se tornou campeã em Jogos Paralímpicos, após dois bronzes em Pequim e pratas em Londres e Tóquio.
Os demais ouros do atletismo vieram de Júlio Agripino dos Santos (500m T1), Ricardo Mendonça (100m T37), Fernanda Yara (400m T47), Yeltsin Jacques (1500m T11), Rayane Soares (400m T13), Claudiney Batista (lançamento de disco F56) e Elizabeth Gomes (lançamento de disco F53).
Outra paratleta que se colocou em um patamar ainda mais alto foi a halterofilista Mariana D'Andrea. Com a medalha de ouro conquistada em Paris na categoria até 73kg, ela tornou-se bicampeã olímpica, pois já havia ficado em primeiro lugar na Paralimpíada passada.