— Gente, estou ficando gigante.
Maior medalhista olímpica da história do Brasil, Rebeca Andrade parece ter percebido em meio às entrevistas na zona mista da Arena Bercy, que assumiu um novo patamar na história do esporte brasileiro. Logo após conquistar a prata no salto, neste sábado (3), a paulista de 25 anos citou Ayrton Senna, lembrou do quanto as suas conquistas inspiram as mulheres na sociedade brasileira e assumiu que se tornou uma referência para o povo do Brasil.
— Poder representar o meu país e ser um orgulho e uma referência para as pessoas é algo que vou levar para sempre comigo. Como a gente vê com o Senna e com vários desportistas que inspiram as pessoas. São coisas que ninguém vai tirar de mim. Quando alguém fala que me acompanha ou que a filha me adora, eu me emociono. É um orgulho — disse.
Acompanhei todas as entrevistas de Rebeca após as suas duas medalhas em Tóquio e as três já conquistadas em Paris. No sábado (3), após a prata no salto, que a igualou aos ex-velejadores Robert Scheidt e Torben Grael como maior medalhista brasileira da história, me chamou atenção a mudança no tom das suas declarações em relação aos pódios anteriores. Em nenhum momento a atleta deu respostas protocolares. E, sem perder a humildade, assumiu que a partir de agora está em nova prateleira entre os ídolos do esporte no país.
— Eu nunca imaginei ganhar tantas medalhas olímpicas. Meus objetivos estão sendo alcançados, e isso é muito legal. Estou ficando gigante, olha o meu tamanho — afirmou, aos risos e fazendo uma brincadeira com a sua altura, de apenas 1m55cm.
Na entrevista, Rebeca lembrou ainda das medalhas conquistadas por Bia Souza e Larissa Pimenta, no judô, e por Rayssa Leal, no skate, ressaltando o quanto as medalhas femininas inspiram as mulheres brasileiras por mais conquistas em uma sociedade ainda machista.
— É uma honra poder fazer parte dessa porcentagem de mulheres que está aqui e mostrar que a nossa luta está acontecendo, que a gente está crescendo e que a gente está conquistando nosso espaço. Isso é maravilhoso — completou.
Mas, se já é um dos maiores nomes da história do esporte brasileiro, Rebeca pode se tornar ainda mais lendária nesta segunda (5), quando, após subir ao pódio no salto (prata), no individual-geral (prata) e na prova por equipes (bronze), disputará as finais da trave e do solo, podendo, no melhor dos cenários, chegar a sete medalhas e se isolar como a maior medalhista olímpica brasileira em todos os tempos.
— Gente, quando eu poderia imaginar que chegaria a cinco finais em uma Olimpíada? Estou muito orgulhosa de todas essas conquistas e pretendo focar muito na trave e no solo — finalizou Rebeca, uma lenda do esporte brasileiro e que sabe muito bem disso.