"Algum astrólogo para explicar o fenômeno das medalhistas taurinas?", questionou a influenciadora Bic Müller no X (antigo Twitter) ainda na segunda-feira (5), após a conquista de medalhas nas Olimpíadas de Paris por Beatriz Souza (judô), Rebeca Andrade (ginástica), Tati Weston-Webb (surfe) e Rafaela Silva (judô) — nascidas entre 24 de abril e 20 de maio.
Para quem acredita em astrologia, há algumas respostas possíveis. Em entrevista a Zero Hora no início deste ano, a astróloga Thaís Mariano destacou que Touro é o signo “onde se concretiza o que se iniciou em Áries. Traz calmaria, beleza, paciência e perseverança em um solo fértil e abundante”. Perseverança e paciência certamente são características necessárias para qualquer atleta, e poderiam explicar o sucesso das taurinas.
Especialistas em esporte e cientistas, no entanto, logo apontaram nas redes que o sucesso das atletas nascidas na primeira metade do ano tem uma explicação científica, sem ser necessário recorrer a questões místicas dos astros. E tal explicação está ligada ao "efeito da idade relativa".
Apesar de ter emergido em discussões nas redes sociais apenas nos últimos dias, este efeito já é estudado pela ciência há tempos. Ainda nos anos 1980, os pesquisadores Roger Thompson e Barnsley investigaram dados de mais de 7 mil jogadores de hóquei e verificaram que entre os atletas nascidos em um mesmo ano, os mais velhos tendiam a receber mais oportunidades esportivas.
Isto porque na infância alguns meses podem fazer uma grande diferença no desenvolvimento. Assim, crianças que completaram sua idade em janeiro tendem a ter mais força, peso, altura e até coordenação motora que crianças nascidas no mesmo ano, mas que fazem aniversário em dezembro.
Tais diferenças no desenvolvimento também influenciam o desempenho de meninos e meninas na prática esportiva e podem levar os mais novos em sua faixa etária — nascidos na segunda metade do ano — a desistir do esporte, enquanto os mais velhos seguem motivados a continuar praticando devido à sua melhor performance.
O efeito ainda pode influenciar quem são os jovens talentos recrutados por clubes para iniciar uma carreira esportiva, como ocorre com muitos jogadores de futebol ou atletas de elite, que começam cedo a sua trajetória no mundo dos esportes.
Apesar de toda essa influência, contudo, aqueles que nasceram depois de junho não estão impedidos de conquistar glórias olímpicas. Entre os medalhistas brasileiros em Paris, afinal, Willian Lima e Rayssa Leal nasceram em janeiro, Caio Bonfim e Larissa Pimenta em março, Bia Ferreira em abril, Rebeca Andrade, Tatiana Weston-Webb e Beatriz Souza em maio, mas Gabriel Medina é de dezembro.