A autenticidade, o carisma e os malabares de Augusto Akkio conquistaram os torcedores, os voluntários e os jornalistas presentes na Praça da Concorde, nesta quarta (7), quando o paranaense de 23 anos foi bronze no skate park. Com respostas lentas, longas, profundas e, às vezes, desconexas, o atleta ficou mais de 1h concedendo entrevistas e, ao final da última resposta, foi aplaudido de pé por todos os presentes, tanto na pista quanto na sala de entrevistas.
— O meu estilo é assim. Falo devagar para que quem esteja escutando possa entender. Compreendo que o erro é comum. Assim como não acredito que a ignorância seja um pecado. Tudo bem não saber. Vai da pessoa ter interesse em aprender e buscar mais conhecimento. Acredito que não tenha respondido exatamente a sua pergunta. Mas, para ser sincero, eu não sei a resposta — disse, em uma resposta bem ao estilo Augusto Akkio.
Nas suas entrevistas, o jovem skatista é emotivo, divaga e, por vezes, acaba respondendo algo diferente do que foi perguntado. Porém, quase sempre termina a resposta utilizando expressões como "união", "amizade", "solidariedade", "esperança" e "amor", valores cultuados pelo skate.
— Essa medalha, para mim, simboliza muito mais do que estar em um pódio olímpico. Isso representa que o Brasil está fazendo um bom trabalho. Porque eu não cheguei aqui sozinho. Eu carrego comigo quantas paixões no coração? E eu não estou falando de uma visão romântica do amor. Estou falando de amar genuinamente um ser humano, um ser vivo que é rico de oportunidades, esperança e possibilidades — afirmou, quando questionado sobre o significado de estar com uma medalha olímpica no peito.
Solidariedade com os gaúchos
O carinho de Akio não é exposto só com palavras, mas também com gestos. Ao identificar o microfone da Rádio Gaúcha, tomou a iniciativa de abraçar o repórter que assina esta matéria, em meio à entrevista, e enviar uma mensagem de solidariedade aos gaúchos atingidos pela enchente em maio.
— Força, Rio Grande do Sul. Força mesmo. De verdade. Eu sei o que estou vivendo e o quanto estou tendo que me esforçar para estar aqui. É desgastante ter que viajar e ficar longe da minha família, dos meus amigos e das pessoas que eu amo. Mas isso tudo não se compara nem um pouco ao que aconteceu com vocês. Mas a missão de todos nós é buscar um amanhã melhor. Força, Rio Grande do Sul —falou, abraçado ao repórter do início ao fim da resposta.
Malabares
Porém, a principal marca registrada de Akio é o uso dos malabares, antes, durante e depois das competições. Segundo ele, foi a maneira que encontrou de superar a angústia durante a recuperação de uma lesão grave sofrida no quadril em 2020.
— Eu comecei a jogar malabares porque precisava me reencontrar em alguma coisa. Estava afastado por conta de uma lesão e não sabia se voltaria a fazer aquilo que mais amo, que é andar de skate. E é por isso que eu carrego comigo para lá e para cá o malabares. É isso que eu tenho para falar — explicou, às lágrimas.
Logo após atender a Rádio Gaúcha, ainda na pista da Praça da Concorde, Akio atravessou a pista para posar para uma foto com os voluntários que trabalharam nas provas do skate. Logo depois, deixou a pista da mesma forma como foi recebido pelos jornalistas ao ingressar na sala da entrevista coletiva oficial. Aplaudido. Aplausos de reconhecimento a um medalhista irreverente, engraçado, mas, acima de tudo, autêntico.