O governo francês avalia que cumpriu nesta quarta (31) a promessa de deixar o rio Sena em boas condições para as competições em águas abertas nas Olimpíadas. Primeira autoridade a nadar no local após a redução nos índices de poluição, a ministra do esporte da França, Amélie Oudéa-Castéra, definiu como "histórica" a realização das provas de natação feminina e masculina do triatlo.
— Foi um sonho que virou realidade. Trabalhamos por anos como um time, em parceria com as autoridades locais (de Paris) para limpar o Sena. O Estado francês investiu muito neste objetivo, e sempre dissemos que o rio estaria pronto no "Dia-D". Poucas pessoas acreditaram que faríamos isso, mas nos fizemos. E foi histórico — disse Amélie nesta terça (30), em entrevista exclusiva à Zero Hora logo após a conclusão das provas.
A ministra ainda explicou que o cancelamento dos treinos de reconhecimento do rio, no final de semana, e o adiamento da prova masculina — que estava marcada para terça (30) e foi transferida para quarta (31) — ocorreram por conta das fortes chuvas que caíram sobre Paris nos últimos dias e não por uma regressão no trabalho de limpeza do Sena conduzido nos últimos anos pelas autoridades francesas.
— (O adiamento ocorreu) Somente pelas condições meteorológicas — completou Amélie, que ainda exaltou o bom desempenho das atletas francesas:
— É um dia fantástico e simbólico. Teve o ouro da nossa atleta feminina (Cassandre Beaugrane) e bronze do nosso atleta masculino (Leo Bergere). É um dia fantástico e simbólico. Estamos muito felizes e orgulhosos — finalizou.
Segundo as autoridades locais, após o processo de despoluição do rio conduzido pelo governo francês nos últimos anos, as águas do Sena estavam dentro dos padrões sanitários desde o dia 17 de julho, quase 10 dias antes da cerimônia de abertura.
Contudo, de acordo com o Comitê Organizador, as fortes chuvas que atingiram Paris na sexta (26) e no sábado (27), pioraram a qualidade da água, acarretando o adiamento da prova masculina prevista para terça (30).
Nesta quarta (31), contudo, o governo francês, a organização dos Jogos e a Federação Internacional de Triatlo, fizeram nova avaliação e anunciaram que a água estava limpa e segura para os atletas.
Após a prova, os atletas brasileiros que competiram no triatlo não demonstraram nenhum tipo de preocupação com os níveis de poluição do Sena. A cearense Vittoria Lopes, que terminou em 25° lugar na prova feminina, disse que nem mesmo a incerteza sobre a realização da prova lhe atrapalhou.
— Eu não me abalei com isso porque eu estava muito confiante de que ia ter a prova. Então só esperei, não gastei energia com isso — afirmou.
Já o também cearense Manoel Messias, que acabou em 45° na masculina, afirmou que os atletas em geral não estavam preocupados com a polêmica sobre o Sena.
— Estávamos bem tranquilos quanto a isso. A nossa prova era para acontecer e aconteceu. Ninguém cogitou que não iria ter natação — disse.
A próxima prova de natação no Sena está marcada para o dia 8 de agosto, quando ocorre a maratona aquática feminina, modalidade em que o Brasil briga por medalhas com a baiana Ana Marcela Cunha e a gaúcha Viviane Jungblut. E com a garantia de condições sanitárias diretamente do governo francês.