Um dos momentos mais simbólicos do ciclo olímpico é o revezamento da chama até a cerimônia de abertura dos Jogos. Para Paris, a tocha viajou de barco da Grécia para a França e, posteriormente, visitará departamentos ultramarinos e regiões francesas — incluindo Nova Caledônia e Polinésia Francesa — antes de desembarcar na Cidade Luz para a cerimônia do dia 26 de julho.
Entre as mais de 10 mil pessoas que conduziram e conduzirão a tocha, nos 68 dias de revezamento, há uma gaúcha. Catarina Nogueira, 26 anos, mora em Grenoble, na França, há quase cinco anos — chegou à Europa em agosto de 2019. Nascida em Porto Alegre, formou-se na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em Ciências da Computação, mas teve duplo diploma ao fazer uma parte da faculdade em território francês. Logo depois, achou um emprego na Europa e optou por ficar na cidade nos Alpes, a pouco mais de 550km de Paris.
Para os Jogos de Paris, o Comitê Organizador Local escolheu para conduzir a tocha "pessoas com engajamento esportivo e social". Catarina une as duas coisas. É jogadora semiprofissional de vôlei e árbitra da modalidade (a nível nacional na divisão B francesa). Além disso, faz trabalho voluntário na Cruz Vermelha, ajudando refugiados e pessoas que moram na rua. A gaúcha conduziu a tocha por cerca de 400m em uma comuna francesa chamada Hauterives.
— Eu fiquei uns três minutos correndo, mas falaram para ir devagarzinho. Eu fiquei pulando o tempo inteiro. Na frente, tinha uma televisão nos filmando. Dos lados, tinham umas seis pessoas de cada lado protegendo a tocha. Muita gente tirando foto e nos perguntando quem a gente era. Foi muito maior do que eu estava imaginando. Eu não imaginei que fosse tanta gente. E, honestamente, passou tão rápido esses minutos que eu corri, que eu não estava nem conseguindo me ligar. Foi muito legal. E para uma pessoa que ama o esporte, eu acho que dá até arrepio, assim, de te contar isso agora — disse Catarina em entrevista para Zero Hora.
Habituada com os franceses, a brasileira afirma perceber uma maior empolgação dos nativos com os Jogos Olímpicos, mesmo com alguns problemas que a organização vem passando — a poluição do Rio Sena, sede da cerimônia de abertura, inclusive. Catarina já garantiu ingressos para algumas competições.
— Eu sinto uma empolgação muito maior aqui na França do que quando foram os Jogos Olímpicos no Brasil. Porque mesmo aqui na França, tendo alguns escândalos, como a gente teve no Brasil, eu sinto que as pessoas estão muito mais motivadas. Mas eu estou bem animada, eu comprei três ingressos de vôlei, dois de vôlei de quadra, um de vôlei de praia. Comprei futebol feminino também e atletismo. Foi o que deu pra pagar, senão eu ia mais — afirmou, rindo.