A tradição já é conhecida. Modalidade que mais trouxe medalhas para o Brasil em Jogos Olímpicos — 24 ao todo —, o judô abre o programa de competições neste sábado (27), com a disputa das duas categorias mais leves e com dois brasileiros na disputa: Natasha Ferreira, nos 48kg, e Michel Augusto, nos 60kg. As eliminatórias começam às 5h (no horário de Brasília) e o bloco de finais será a partir das 11h (horário de Brasília).
É um começo de trajetória que desde 1988 garantiu pelo menos uma medalha para o país nas Olimpíadas. Na última edição, dois gaúchos subiram ao pódio. Mayra Aguiar e Daniel Cargnin levaram o Brasil e o judô ao bronze.
A expectativa é que a história continue sendo escrita. O Brasil terá 13 atletas na disputa, com esperanças de medalhas. Sim, no plural. Mesmo que os chaveamentos tenham complicado algumas disputas logo nas primeiras rodadas.
— O sorteio foi dentro do esperado. Estamos nos Jogos Olímpicos e cada luta deve ser encarada como uma final. Algumas lutas já decisivas na primeira rodada, de adversários bastante fortes. Mas, como experiência de Jogos, a gente vê que há categorias em que os favoritos caem na primeira luta. E alguns sorteios em que, aparentemente, apresentam chaves melhores, também exigem muita atenção. Então, é encarar cada luta como uma final — explicou o chefe de equipe da seleção, Marcelo Theotônio.
Judô feminino
A perspectiva é que o judô feminino possa dar até três pódios para o país. Rafaela Silva (até 57kg), ouro no Rio de Janeiro em 2016, aguarda adversária na segunda fase da competição. Ela enfrentará quem vencer do confronto entre Mayra Pardayeva, do Turcomenistão, e a chinesa Qi Cai. Sua principal adversária pelo bicampeonato olímpico será a canadense Christa Deguchi, número 1 do ranking da Federação Internacional de Judô.
A situação é a mesma para outra postulante de medalha para o Brasil. Beatriz Souza (+78kg) descansará na primeira luta, esperando a vencedora do duelo entre Ana Laura Portuondo Isasi, do Canadá, e Izayana Amarenco, da Nicáragua. Ela vive sua primeira experiência olímpica, mas teve um ciclo repleto de conquistas e bons resultados, a creditando a uma das possíveis medalhistas brasileiras em Paris.
Três vezes medalhista olímpica, Mayra Aguiar não deixa dúvidas para ninguém que possa subir ao pódio em mais uma edição. No entanto, os últimos sete meses foram diferentes para a atleta da Sogipa. A judoca não lutou. A última vez que entrou em um dojô foi em dezembro de 2023, o que fez com que ela caísse no ranqueamento para os Jogos e tivesse uma chave complicada para alcançar o seu sonho de mais uma medalha olímpica. O chaveamento botou em seu caminho logo na primeira luta a atual líder do ranking, a italiana Alice Bellandi. Em três confrontos contra, perdeu todas por punição. Mas se não for difícil, não é Mayra.
Judô masculino
No masculino, a lista de medalhas do judô brasileiro pode aumentar com outros três nomes. O primeiro deles é Daniel Cargnin. Depois do bronze em Tóquio na categoria até 66kg, ele subiu o peso e irá disputar no até 73kg. Um ciclo do gaúcho foi turbulento, principalmente motivado pelas lesões que ele teve desde em 2021. Mesmo assim, a avaliação é que ele cresceu desde o pódio no Japão. Sua primeira luta será contra o kosovar Akil Gjakova (uma luta e uma derrota brasileira). Seus maiores adversários pelo pódio são o Hidayat Heydarov, do Azerbaijão, e Soichi Hashimoto, do Japão.
A grande surpresa pode ser o atleta do Minas Tênis Clube, Guilherme Schimidt (até 81kg). Cabeça de chave número 4 no torneio olímpico, o brasileiro também está em sua primeira Olimpíada e chega com status de postulante à medalha em Paris. A grande história é que ele era da equipe de apoio em Tóquio e, três anos depois, conquistou sua vaga. Ao longo de sua carreira, ganhou algumas medalhas em diferentes competições, como o ouro nos Jogos Pan-Americanos Santiago, a prata no World Masters e o bronze no Grand Slam da Turquia.
Em sua última Olimpíada, Rafael Silva, o Baby, contou com a sorte no chaveamento. Ele caiu na chave oposta de Teddy Riner, grande algoz do brasileiro nas Olimpíadas. Em entrevista recente, Baby disse que "se tiver um momento para ganhar dele, é agora". O brasileiro, que representou o país em 2012, 2016 e 2020, vai para sua última disputa de Jogos Olímpicos da carreira. Em 14º no ranking, o medalhista de bronze em Londres e Rio de Janeiro, não conseguiu escapar da primeira luta e começará sua caminhada em Paris contra Ushangi Kokauri, do Azerbaijão.
Além de Mayra e Daniel, ambos medalhistas, a Sogipa, clube gaúcho, contará com mais três atletas em Paris: Ketleyn Quadros (73kg), Rafael Macedo (90kg) e Leonardo Gonçalves (100kg).
Delegação brasileira no judô
Feminino
- Natasha Ferreira (48kg)
- Larissa Pimenta (52kg)
- Rafaela Silva (57kg)
- Ketleyn Quadros (73kg)
- Mayra Aguiar (78kg)
- Beatriz Souza (+78kg)
Masculino
- Michel Augusto (60kg)
- William Lima (66kg)
- Daniel Cargnin (73kg)
- Guilherme Schimidt (81 kg)
- Rafael Macedo (90kg)
- Leonardo Gonçalves (100kg)
- Rafael Silva (+100kg)
Confira abaixo a agenda completa dos judocas brasileiros
27/7 - Michel Augusto e Natasha Ferreira
28/7 - Larissa Pimenta e Willian Lima
29/7 - Rafaela Silva e Daniel Cargnin
30/7 - Ketleyn Quadros e Guilherme Schimidt
31/7 - Rafael Macedo
1/8 - Mayra Aguiar e Leonardo Gonçalves
2/8 - Beatriz Souza e Rafael Silva Baby
3/8 - Equipes Mistas